sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | O Quarto de Jack

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[s3r star=4/5]

A relação entre uma jovem mãe e seu filho que vai de um quarto de 16m² para o mundo exterior levando uma bagagem de experiências traumáticas e também sentimentos inocentes: este é O Quarto de Jack (Room, 2015), filme do diretor irlandês Lenny Abrahamson baseado no livro de Emma Donoghue. O filme mostra a relação de Joy Newsome (Brie Larson) que foi sequestrada por um homem (no filme chamado de Velho Nick) aos 17 anos e após 7 anos de cativeiro possui uma relação de amor e carinho com seu filho Jack (Jacob Tremblay) de 5 anos, mesmo sob a ameaça iminente do sequestrador – que a visita (e molesta) constantemente e fornece-lhes suprimentos. Durante tais visitas o garotinho Jack dorme dentro de um armário: privacidade máxima que os dois adultos poderiam ter dentro de um quarto-cativeiro.

As únicas referências que Jack possui a respeito do mundo são uma velha televisão de tubos catódicos que transmite programas de rede aberta e uma janela quadrada (claraboia) situada no teto do quarto. O filme consegue prender bem a atenção do espectador que, como um quebra-cabeças, vai dando pistas da atual situação que se encontram Jack e Joy, revelando finalmente uma porta de aço com código digital de abertura – local por onde sai e entra o sequestrador Nick. Durante o segundo ato do filme, a protagonista elabora um plano de fuga que é desempenhado por Jack. Após a execução do plano ambos conseguem ser resgatados do cativeiro e tentam uma vida normal ao lado dos pais de Joy, avós de Jack.

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Nesse ponto da narrativa o filme brilha ao demonstrar as barreiras colocadas pelo trauma do cativeiro, tanto em Jack (que reluta em ter contato com outros humanos além da mãe) quanto em Joy (que embora tente, parece não conseguir se adaptar ao mundo do qual foi retirada aos 17 anos de idade). As relações familiares entre os dois e entre os demais membros da família, incluindo o avô que não aceita o neto de um sequestrador, são intensas e merecedoras de atenção. Tanto as situações como as atuações mostradas durante todo o filme justificam as indicações da produção ao Oscar 2016, incluindo a indicação de melhor atriz para Brie Larson que atua brilhantemente como a mãe sequestrada e inadaptável a nova realidade de seu mundo.

Brie Larson and Jacob Tremblay em "O Quarto de Jack."

Como uma metáfora ao mito da caverna de Platão, certamente o filme ainda irá gerar centenas de conteúdos referentes às áreas de comunicação, psicologia, sociologia e etc; sem mencionar a investigação de problemas sociais, familiares, inversões de valores, exemplificações das socializações primária e secundária, e também uma possível Síndrome de Estocolmo (embora esta última não fique muito evidente na produção).

O Quarto de Jack é um filme que comove por todos àqueles elementos que envolve: drama familiar, situação de perigo iminente, atuações verossímeis (tanto da mãe como do garotinho Jack), roteiro intrigante e narrações “inocentes” em OFF do pequeno protagonista. Enfim, o filme serve para demonstrar o quão frágeis são as relações familiares e também o quão traumáticas podem ser estas mesmas experiências, sejam dentro de um cativeiro ou fora dele.

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