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Início Críticas Crítica | O Sequestro do Papa

    Crítica | O Sequestro do Papa

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    Marco Bellocchio, de 84 anos, é um premiado diretor italiano pouco conhecido do grande público. Ele é o responsável por diversas perólas do cinema, tais como: O Traidor e Noite Exterior. Bellocchio entrega em 2024, mais um excelente filme. Uma aterradora história, baseada em fatos reais. O Sequestro do Papa, conta a história de Edgardo Mortara, um jovem judeu que vivia em Bolonha, Itália, que em 1858, após ser batizado secretamente, foi tirado à força de sua família para ser criado como católico. A luta de seus pais para libertar o filho tornou-se parte de uma batalha política maior que colocou o papado contra as forças democráticas e de unificação italiana.

    A direção constrói uma verdadeira epopeia cinematográfica, que mostra a violência cometida pela religião, em prol da fé e o drama de uma família que busca justiça ao longo de 16 anos. Sim, essa foi a duração do caso que chocou a Europa. No quesito técnico, Bellocchio segue usando câmeras que destacam corredores onde os personagens irão perambular em busca de respostas ou apenas para se afastar do problema. Além disso o direto ainda usa uma câmera fixa que dá espaço para que os atores brilhem em suas atuações. Tudo isso mesclando a trilha sonora de Fabio Massimo Capogrosso, que sobe o tom quando os momentos dramáticos estão aflorados.

    O roteiro escrito por Bellocchio e Susanna Nicchiarelli acompanha a angustiante jornada de Edgardo, vemos tudo relacionado ao seu sequestrro até a sua nova vida ao lado do Papa Pio IX. Tudo é apresentado de modo cadenciado, sem pressa de mostrar os fatos e isso ajuda a compreender como estavam os ânimos  de todos os envolvidos na história, em especial o do protagonista, que precisa se adaptar com a terrível situação.

    O caos emocional toma conta da vida do garoto, que num primeiro instante tenta fugir e rejeita a nova vida que lhe é oferecida pela igreja católica. Mas o ser humano se adaptada e é complexo, com o tempo vemos o garoto aceitar o “seu destino” e se tornar um católico, devoto. Isso fica evidente na cena onde vemos o jovem procurando proteção sob a batina de um padre, assim como fazia quando era pequeno e se escondia na saia da mãe. Além disso, o roteiro do drama ainda mostra uma dura análise sobre o poder da igreja. Podemos ver como naquela época a igreja mantinha o seu poder sobre o povo e como ele era exercido.

    Tudo relacionado a época retratada é feito com muito qualidade, desde o figurino até as locações são todas apresentadas de modo a nós transportar para outro século.

    O grande destaque no elenco é ator Paolo Pierobon (Nossos Fantasmas) que interpreta o Papa IX apresentando o pontificie ao público como um homem fanático, conservador e que tem sede pelo poder numa época onde as fronteiras em torno da igreja e dele estavam se fechando.

    O Sequestro do Papa é um filme intrigante, chocante e pra lá de perturbador. Afinal de contas ver alguém usando a fé de multidões afim de se beneficiar é algo, aterrorizante. Em especial, se observarmos que esses fatos traçam paralelos sinistros com a atualidade.

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