Um “thrillerzinho” de ação nas telonas cai muito bem nessa época do ano, né? Ainda mais com um ganhador do Oscar fazendo o papel principal! Baseado no romance de espionagem ‘The Amateur’ (1981), escrito por Robert Littell, ‘Operação Vingança’ é o mais novo filme da 20th Century Studios, dirigido pelo britânico James Hawes. Hawes é conhecido por projetos tanto no cinema quanto na televisão britânica, dirigindo episódios das séries ‘Doctor Who’ e ‘Slow Horses’, além de dirigir dois dos episódios mais lembrados de ‘Black Mirror’: ‘Hated in the Nation’ (2016) e ‘Smithereens’ (2019). No cinema, ele dirigiu ‘Uma Vida – A História de Nicholas Winton’ (2023), além de outros trabalhos para a televisão. No elenco, Rami Malek, o vencedor do Oscar de melhor ator em 2019, volta ao papel principal em um filme, com alguns nomes conhecidos da indústria como Michael Stuhlbarg, conhecido por participar dos dois filmes do Doutor Estranho, ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ (2017) e ‘A Chegada’, Laurence Fishburne, conhecido principalmente por interpretar Morpheus em ‘Matrix’ (1999) e Caitríona Balfe, presente em filmes como ‘Belfast’ (2021), ‘Ford v Ferrari’ (2019) e ‘Truque de Mestre’ (2013).
Após a morte da sua esposa Sarah (interpretada por Rachel Brosnahan) em um ataque terrorista em Londres, Charlie Heller (interpretado por Rami Malek), criptógrafo que trabalha na CIA, busca vingança, colocando em risco a sua vida.
Modernizando a história do livro, atualizando questões como as disputas políticas atuais, ao invés de ser durante a Guerra Fria e, mais notavelmente, a tecnologia e a ação, ‘Operação Vingança’ acaba seguindo algumas cartilhas tradicionais do gênero, mas não incomoda durante a rodagem. O diretor consegue fazer bem com elementos que ele próprio deve ter usado em ‘Black Mirror’, explorando bem a emoção, o suspense e a ação em prol de uma narrativa sobre um “enigma de vida” enfrentado por Heller enquanto tenta buscar vingança pela morte da esposa, unindo o trabalho do personagem com a sua nova obsessão pessoal. Existe uma unidade ótima construída a partir da morte de Sarah, criando uma boa ligação entre os elementos do filme para construir a tensão nas cenas chave, mas também a melancolia quando precisa.

O filme sabe lidar com as emoções do protagonista, deixando-as tomar conta do lado dramático de maneira eficiente. O estilo do papel combina com o estilo mais frio de Malek, interpretando um papel focado na frieza em grande parte, ainda que, inevitavelmente, exista muito sentimento em cena. O caminho que a narrativa segue não é algo inovador, principalmente dentro do gênero, mas também não afeta negativamente a história, é mais um roteiro com a premissa de vingança. Mas ainda assim, essas emoções são bem representadas em outros elementos usados, como os flashbacks e os momentos de quando o protagonista está sozinho. Trazendo mais proximidade do público com o protagonista com planos mais fechados, alinhado com a atuação mais fria pós-perda de Malek e uma montagem que estende mais seus planos, essa vingança acaba sendo melhor construída do que o padrão que vemos hoje em filmes do mesmo estilo, ainda que suas tentativas de expandir a discussão do filme para um contexto político não sejam tão eficientes.
‘Operação Vingança’ trás uma boa narrativa de vingança, contando com uma sólida atuação de Malek e cenas tensas que realmente prendem o espectador nos momentos decisivos. Ainda que acabe pecando em tentar expandir específicas discussões dentro da obra e, principalmente, nas coreografias e decupagem nas cenas de luta, é uma excelente opção para assistir nas telonas para os fãs do gênero.