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    Crítica | Oppenheimer

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    Segundo a mitologia grega, Prometeu foi o titã responsável pela criação da espécie humana e para garantir a superioridade dos homens em relação aos outros animais, roubou o fogo dos deuses e entregou o mesmo à humanidade. O feito revolucionou a vida do ser humano, mas o “herói” acabou sendo severamente castigado por Zeus. O feito de Prometeu pode ser comparado à história real de Julius Robert Oppenheimer, físico teórico americano que junto com uma equipe de cientistas levou os americanos na segunda guerra mundial a desenvolver a bomba atômica, uma arma que mudou a história da humanidade.

    Universal Pictures

    Oppenheimer acompanha a vida do físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan – que tinha a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas, que foram responsáveis pelas mortes de dezenas de milhares de pessoas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.

    Tanto a direção, como o roteiro do filme são de Christopher Nolan (TENET), e ambos não poderiam estar em melhores mãos. A direção de Nolan é simples e muito objetiva na condução de sua narrativa, que explora diversos fragmentos da vida do cientista: seu início de carreira, sua relação com outros diversos cientistas, a construção da bomba atômica em Los Alamos, as consequência de sua oposição ao uso de bombas nucleares e a investigação feita pelo governo americano após anos de trabalho. Os trechos apresentados são reveladores e assustam, pois, mostram um Oppenheimer genial, complexo e principalmente com falhas em seu caráter, algo que raramente é visto em uma cinebiografia.

    Assim como na tabela periódica, Nolan em sua produção reúne diferentes elementos (narrativos) afim de construir algo único e memorável. Essa ousadia narrativa é refletida na fotografia do filme, que opta em contar sua história alternando diversos eventos da vida de Oppenheimer; o passado é visto com uma fotografia colorida e mostra a ótica do cientista sobre os fatos. Já as cenas em preto e branco possuem um caráter quase que documental sobre os fatos que não tem o ponto de vista do cientista, mas sim da história. Mas é preciso revelar que as idas e vindas podem soar complexas para alguns. Em especial, se o espectador não assistir atenção.

    Os efeitos especiais e práticos da produção devem ser lembradas no Oscar 2024. A cena da explosão atômica é sem dúvidas uma das mais espetaculares já vistas numa tela IMAX. O som e a trilha sonora estão em perfeita ressonância e devem vencer os próximos prêmios técnicos da categoria no Oscar. A trilha acompanha cada cena, de modo a engrandecer e elevar tudo que é visto e sentido pelo personagem vivido por Cillian Murphy (Extermínio) na história, levando o espectador a entender seus medos e anseios. Outro destaque é a montagem que dá dinamicidade a trama, fazendo ela voar em seus 180 minutos de duração.

    O diretor optou por sequências que favorecem os atores, usando closes fechados para captar a reação dos personagens e a essência dos mesmos. O elenco está afiadíssimo e as interações entre eles são sensacionais. Lógico que com um elenco tão estrelado e gigantesco alguns atores fossem relegados a coadjuvantes de luxo, como é o caso de Gary Oldman, Rami Malek, Jack Quaid, Tom Conti e Casey Affleck que aparecem em uma cena, brilham, e somem da história.

    Florence Pugh (Viúva Negra) é quem acaba sendo desperdiçada em cena, pois sua personagem mesmo tendo importância na história, acaba não sendo bem desenvolvida. Dos destaques temos: Cillian Murphy e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) que merecem uma indicação ao Oscar como melhor ator e melhor ator coadjuvante, pois ambos constroem seus personagens como versões antagonistas entre si, mas com um carisma magnético e uma arrogância latente, que faz deles perfeitos retratos do que era os EUA na década de 50.

    Oppenheimer é o melhor filme da carreira de Christopher Nolan. Um retrato vívido, denso e incrível sobre o homem que criou a bomba atômica e se tornou um mito tão histórico quanto o de Prometeu. Assista em IMAX – se possível -, mas assista o quanto antes!

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