Os 7 de Chicago é uma obra fantástica, poderosa e, infelizmente, atual. O longa conta a história real do que deveria ser um protesto pacífico na Convenção Nacional do Partido Democrata de 1968 e se transformou em um violento confronto com a polícia e a Guarda Nacional dos EUA. Levando oito indivíduos a serem acusados pelo governo dos Estados Unidos de conspiração, incitação à revolta e outras denúncias relacionadas a protestos em Chicago.
O primeiro destaque do longa é percebido na montagem. Que trabalho magnífico, temos neste filme. As cenas que apresentam os protagonistas, intercalando as falas deles entre si, flui sem erros ou atropelos. Mais perfeita ainda é a mescla das cenas reais (de arquivo) com as gravadas para o filme que são colocadas em momentos chaves no início, meio e fim da obra. Essa proposta faz o espectador mergulhar de cabeça nos fatos e mostra a veracidade e gravidade das situações descritas. O longa ainda acerta em primeiro apresentar os personagens, as suas motivações, e a partir disso, durante o julgamento mostrar o que aconteceu de fato. A montagem é tão dinâmica que faz os 120 minutos voarem. O roteiro escrito por Aaron Sorkin, foi esculpido (o roteiro desse filme demorou 10 anos para ficar pronto) e acredito que ele deva ser indicado ao Oscar. A construção dos personagens, das situações, os diálogos e a relevância desse texto no momento atual que vivemos deve ser agraciada ao menos com a indicação.
Um texto bom, sem bons atores não é nada. Pra nossa sorte o elenco inteiro está sublime. Ficarei surpreso se nenhum deles não forem indicados ao careca desnudo de ouro em 2021. Os destaques, pra mim, são: Sacha Baron Cohen (Borat), Jeremy Strong (Succession), Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), Yahya Abdul-Mateen II (Watchmen) e Mark Rylance (Dunkirk). Eles constroem personas com personalidade contraditórias que se unem por um bem comum e é bom demais ver os embates de personalidades e opiniões. A direção de Sorkin também merece destaque por conseguir dar destaque aos personagens centrais e usar bem o ambiente. Metade da trama ocorre no tribunal. A cena mais brutal da obra, que envolve Yahya Abdul-Mateen II é filmada de um modo tão cruel e realista que faz você se sentir tão impotente quanto os personagens em cena. A situação choca de tão absurda e repugnante, mas é filmada com um primor técnico que choca. Sorkin para mim tem indicação garantida ao prêmio máximo pelo seu trabalho na direção dessa película.
Os 7 de Chicago usa a guerra do Vietnã como pano de fundo para contar uma história maior sobre opressão, racismo e política. Um longa marcante, com atuações primorosas e que se apresenta com um dos melhores longas do ano. Assista o quanto antes!