Lembra bastante aquelas comédias despretensiosas dos Irmãos Coen. Aquela narrativa de absurdos e conforme as coisas avançam tudo vai ficando fora do controle, mas ao mesmo tempo hilário. Até mesmo nos momentos de violência, existe um certo humor mórbido naquilo tudo, é um filme que pune bem seus personagens.
Em um Rio de Janeiro tomado pelo crime, o casal Regina e Valério se vê envolvido em dívidas e traições herdadas da família dele. Uma noite, eles encontram o plano perfeito. Mas, ao executá-lo, são sugados por uma espiral de violência que parece não ter fim.
Ele faz constantemente esse paralelo da reforma da casa com a vida do casal. O diretor faz questão de utilizar diversos planos para resumir o estado mental daquelas pessoas, desde planos na escada representando céu ou inferno ou até mesmo a parede sendo infectada por algo terrível. Quando parece que as coisas vão andar, tudo é parado por algum problema pior do que o anterior. É essa vida cíclica e imprevisível do crime, o diretor usa isso para ilustrar essa vida intensa dos bicheiros do Rio de janeiro.
O diretor mostra essa imprevisibilidade nas escolhas dos personagens, sempre plantando a desconfiança nesse mundo onde todo mundo quer ser rei. Ele mostra bem isso ao mostrar a esposa naquele arquétipo de madame de rico, porém desde seu início a dominação naquele relacionamento, e como ela implanta as coisas na cabeça do marido. Mesmo que em diversos momentos mostre sua possível fragilidade em vivenciar aquela vida criminosa, ela consegue se adaptar.
É um longa que diverte, ele vai diversas informações sobre aquela família de criminosos e alimenta as decisões tomadas por cada um. Apesar da ótima diversão, ele não vai muito além disso na narrativa, funciona mais no gato e rato, na parte dramática apresenta mais uma sensação de perdido e pouco impacto.
É um bom exemplo da união de encenação, direção e uma construção catártica devido diversas ações. E a dupla principal talvez seja o principal responsável por manter o interesse do público até seu último minuto.
