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Vampiros são criaturas que sempre mexeram com o imaginário popular. Diversos filmes, para o bem e o mal, exploraram as diversas vertentes sobre essas criaturas sanguinárias e fizeram diversas metáforas sobre a vida mundana. Para aumentar a galeria de produções sobre o mito, chega aos cinemas Os Radley. O filme conta a história de Peter, Helen e seus dois filhos adolescentes, Clara e Rowan, que vivem em um típico subúrbio inglês. Eles parecem ser uma família comum, com seus pequenos problemas e alegrias de sempre. Mas, como seus filhos descobrirão mais cedo ou mais tarde, os Radley escondem um terrível e sombrio segredo.
Primeiro fato a analisar nessa produção é que ela não é um filme de terror. Temos ataques, algum sangue e muitas metáforas sobre desejos reprimidos e uso de drogas, tudo apresentado em uma ótica que mostra que o filme não se leva a sério. Então, o filme é uma comédia? Sim e não. Por não se levar a sério e ter uma atmosfera despojada a produção pode se encaixar nesse gênero, porém o roteiro escrito por Talitha Stevenson (Wildfire), baseado no romance de 2010 de Matt Haig, é pobre de situações que arranquem gargalhadas e divirtam.
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Quem tenta salvar a produção do lugar comum, é tem êxito, é o elenco. Damian Lewis (Billions), Kelly Macdonald (Valente), Harry Baxendale (Sombra e Ossos) e Bo Bragason (Censor) fazem das tripas coração para conseguir das urgência e alguma graça ao texto. Bragason é a mais prejudica de todo o elenco, devido ao arco criado para sua personagem. O grande destaque acaba sendo Lewis que em cena acaba roubando as atenções e alguns risos durante as cenas, ao dar vida aos irmãos gêmeos.
O texto acaba criando relações interessantes sobre o uso de drogas (uso de sangue) pelos vampiros e a repressão dos seus desejos mais íntimos. Mas fatos, como a descoberta dos filhos não gerar sequer uma crise de identidade ou algum problema de aceitação acaba atrapalhando o desenvolvimento da história que carece de situações de violência e de comédia, ficando num banho-maria que pode frustrar alguns espectadores.
Os Radleys poderia ser um thriller moderno sobre vampiros ou uma comédia de humor sombrio sobre uma família disfuncional. O começo do filme (a cena violenta e pra lá de sangrenta do início) prometia algo nesse sentido, mas o que vemos e uma história cheia de potencial, que no fim não diverte e nem assusta.