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    Crítica | Pacto de Redenção

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     Michael Keaton é uma figura de história mais do que solidificada no cinema norte-americano. Não é por acaso que em um intervalo relativamente curto, dois de seus personagens mais icônicos (oriundos dos anos 80) foram “revividos”, agora deslocados de seu contexto original para uma nova safra de produções que vivem da nostalgia como prato principal. A memória afetiva comove sem precisar se explicar, e pensando sobre a perda ou manutenção dessa memória, entramos em Pacto de Redenção, um thriller intimista liderado por Keaton.

    O filme acompanha John Knox, um assassino de aluguel veterano que ao descobrir estar sofrendo de um caso raro de demência, onde sua mente irá rapidamente se perder de forma permanente, decide encerrar suas pendências enquanto lida com um problema repentino na família. Essa premissa que parece uma mistura de filme de acerto de contas com o drama Meu Pai, estrelado por Anthony Hopkins mas que na prática pouco aproveita tanto os elementos de thriller de crime quanto os mais dramáticos.

     Pensando um pouco sobre a estrutura desse filme, é interessante pensar que por boa parte da sua duração somos carregados pela suposição de competência de John Knox. Uma vez que pouco sabemos sobre sua vida de assassino de aluguel, o filme escolhe deixar no ar muitas vezes a extensão das habilidades do protagonista, vendendo melhor essa ideia da fragilidade causada pela doença indo pelo lado da omissão de informação. Nesse sentido, a performance de Keaton também convence como essa figura que transita entre confiança e fragilidade.

     É uma produção que reduz o escopo da ação, talvez até por uma limitação técnica ou de orçamento, mas que também acaba não valorizando esse ambiente reduzido em função de uma abordagem mais dramática. Se existe uma preocupação clara em fazer essa história se valer pela dinâmica de pai e filho, entre Keaton e o personagem de James Marsden (Miles Knox), essa acaba sendo uma experiência um pouco frustrante. Quando o filme tenta dramatizar a doença do protagonista com uma ou outra passagem que usa isso de maneira visualmente explícita, acaba sendo menos efetivo do que pela diminuição do tom, sendo algo pontual que parece estar ali apenas para lembrar do que já está perfeitamente posto.

    Se todos os personagens aqui transitam numa área moralmente cinza, é possível apontar também que existe um forte cinismo que acompanha essa história. É um ponto de vista muito seco sobre o mundo, algo que de certa forma combina com a persona que Keaton desenvolveu ao longo dos anos e que certamente cabe dentro uma ideia trágica e pessimista da vida que esse filme tenta passar mas que acaba as vezes soando um pouco ranzinza, o que pode fazer essa ser uma experiência meio arrastada.

     No geral, Pacto de Redenção é um filme direto ao ponto e que entrega boas performances pontuais mas que não faz muito mais que isso. Se Keaton e Marsden representam de forma competente seus papéis, tanto a história que abraça essas performances quanto a forma como ela se expõe em tela pouco comunicam alguma coisa para além da premissa.

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