qui, 21 novembro 2024

Crítica | Pam & Tommy

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Logo de cara vemos que a minissérie da Hulu, distribuída pela Star+ no Brasil, é produzida com excelência. Lily James e Sebastian Stan estão impecáveis na caracterização. A direção, fotografia, trilha sonora e figurino ajudam os telespectadores a emergir, através dos oito episódios de quase uma hora, na década de 90. A série ganha pontos ao despertar o sentimento de curiosidade em sabermos como a sex tape foi vazada.

Vemos a história, inicialmente, do ponto de vista de Rand Gauthier, interpretado por Seth Rogen, que estava reformando a casa do casal que dá nome ao título da minissérie (interpretados por Lily James e Sebastian Stan respectivamente). Após muitas enrolações do Tommy, ele demite e não paga ao pessoal. Rand decide criar um plano chamado “karma” para se vingar de Tommy, roubando um cofre para pagar suas despesas. Mal sabia ele que encontraria algo mais precioso que dinheiro e jóias: uma fita cassete (Hi8) com momentos íntimos da atriz Pamela Anderson (Baywatch) e do baterista do Mötley Crüe, Tommy Lee. Esse momento foi conhecido como a primeira sex tape viral.

Pam & Tommy — Set in the Wild West early days of the Internet, “Pam & Tommy” is based on the incredible true story of the Pamela Anderson (Lily James) and Tommy Lee (Sebastian Stan) sex tape. Stolen from the couple’s home by a disgruntled contractor (Seth Rogen), the video went from underground bootleg-VHS curiosity to full-blown global sensation when it hit the Web in 1997. A love story, crime caper and cautionary tale rolled into one, the eight-part original limited series explores the intersection of privacy, technology and celebrity, tracing the origins of our current Reality TV Era to a stolen tape seen by millions but meant to have an audience of just two. Pam (Lily James) and Tommy (Sebastian Stan), shown. (Photo by: Erin Simkin/Hulu)

Por uma procura em humanizar e trazer uma figura perfeita da Pamela, a personagem acaba ficando sem aprofundamentos, ao contrário do Tommy e o Rand que possuem várias camadas e são figuras controversas. Isso reflete bastante com a realidade lá dos anos 90. Fica claro que Tommy nunca entendeu a dor de sua parceira, é entendível que a Pamela não queira reviver o momento que resumiu sua carreira, é compreensível que Tom tenha colaborado com a série, já que o rockstar teve diversos problemas com a lei, incluindo uma pena de seis meses por ter chutado Pamela Anderson, em 1998. É interessante colocar esse parágrafo no texto, pois vemos uma suavização de quem Tom realmente é. Ressalto que Sebastian Stan está incrível, mas os surtos do cantor são resumidos em alguns e poucos comportamentos agressivos.

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Após assistir a série, algoritmos me avisam que a Netflix irá produzir um documentário estrelado pela própria Pamela Anderson contando o ocorrido. Aqui é o ponto inicial que começamos a destrinchar a série. Se Pamela não curtiu a produção da Hulu, percebemos que existe um paradoxo: a série mostra um homem tirando vantagens da sex tape, certo? Seria o que a série estaria fazendo? Pamela afirmou que nunca assistira a série. Em contrapartida, Tommy Lee colaborou com a série. E essa parceria (e a não) é visível na série. Colocamos uma Pam como um amor de pessoa e o Tom com um ser mais tranquilo.

Em uma entrevista para a IndieWire, Lily James fala sobre como a minissérie reflete as ações do passado: “Esta era nossa intenção com a série: ser um espelho para fazer as pessoas olharem para sua própria culpa em perpetuar esse comportamento doentio da internet. Todos somos cúmplices e temos que nos tornar mais conscientes e sensíveis.”

Ao decorrer dos episódios, vemos Pam enfrentando um julgamento, sendo obrigada  a responder perguntas apenas com intuito de humilhar a atriz. Vemos sempre o lado sensível da Pamela, a pressão de ser uma Sexy Symbol e isso servir como justificativa de que é aceitável ter sua vida privada vazada e não possuir nenhum direito sobre (ressaltando que até hoje o casal não tem nenhum direito sobre o vídeo). Vemos como a indústria sempre foi machista. Por que ela é a única sendo atacada e sofrendo as consequências? Retratam Pamela com a mais pura delicadeza e tentam demonstrar sua tristeza. Pamela é só isso? Sentimos falta de mais aprofundamento da personagem.

Outra característica da série é a atuação impecável de Sebastian Stan. O personagem possui mais camadas que a Lily James, e Stan se aproveita disso. Como uma pessoa tão asquerosa consegue ser puramente adorável? Ele rouba a atenção. Pam e Tommy destacam o casal de atores como um dos mais crescentes da geração. O romance, a química entre eles, o desgosto por eles serem tão “shippaveis” e ao mesmo tempo tão tóxicos um para o outro é claramente a definição de Amor, sexo e Rock N Roll.

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