dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Pinóquio por Guillermo Del Toro

Publicidade

O stop-motion é sem nenhuma dúvida umas das maneiras mais maravilhosas de contar uma história. O trabalho duro e longo trazem uma magia cinematográfica que se torna atemporal na indústria e foge de convenções mainstream atuais como animações 3D digitalizadas. Com essa ideia, Pinóquio de Guilhermo Del Toro chega com uma pegada refrescante e encantadora para uma das histórias mais famosas dos contos de fadas.

Na trama do longa, acompanhamos a história do conhecido menino de madeira que ganha vida pelo desejo do solitário Geppetto. Se passando em meados da Itália fascista, Pinóquio se depara com um mundo onde o diferente é visto como errado e proibido.

A recontagem de histórias ou conceitos consagrados não é incomum para o diretor, como visto em alguns de seus trabalhos como A Forma da Água. Em Pinóquio, Del Toro mostra eficácia extrema em aplicar suas ideias na narrativa e ainda criar uma profundidade extra para alguns personagens. Dentro de tais ideias temos, dito acima, a sociedade fascista presente no universo do filme. 

Publicidade

Na figura de Pinóquio nós encontramos a inocência genuína da infância e como ela não é algo que deve ser destruído no mundo que vivemos e sim ela encanta e ilumina tudo à sua volta. Desde sua primeira cena vemos uma ingenuidade charmosa dentro do menino, sempre curioso e animado, mas também nunca precavido, o que o faz entrar em grandes perigos. 

A reviravolta narrativa aqui é  exatamente em como Pinóquio nunca tem permissão de ser quem ele quer ser, tudo no mundo quer moldá-lo a algo de interesse próprio. A sua criação por Gepeto teve como objetivo que ele fosse o substituto de um falecido filho. O exército fascista o vê apenas como uma potencial arma para vencer a guerra. E o mestre das marionetes querendo uma fonte de dinheiro o tratando como uma marionete sem desejo. 

Junto a isso, temos o incrível voice-acting por parte do elenco original. Ewan McGregor não poupa nada ao interpretar o Grita-Falante, entregando uma postura esnobe mas ansiosa. David Bradley é o Gepeto perfeito, com cansaço mas amor na voz ele traz um carpinteiro que já sofreu demais porém isso nunca tirou sua capacidade de amar. 

A abordagem musical do filme traz uma pegada mais sensível e vai além do que um clipe feito para viralizar no Youtube e plataformas de música. As canções existem dentro da história mas também refletem muito sobre os sentimentos dos personagens, principalmente as feitas por Pinóquio, que são a maioria.

Pinóquio de Guillermo Del Toro é um filme que mostra a beleza de recontar uma história da maneira mais refrescante e sensível possível. Trazendo uma técnica que aos poucos se torna mais rara, sua direção entrega uma profundidade sem igual ao usar uma história já conhecida no imaginário popular para celebrar as diferenças e a libertação de um fascismo sistêmico. 

Publicidade

Publicidade

Destaque

Crítica | Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa

A Turma da Mônica, criada por Maurício de Sousa...

Crítica | Bagagem de Risco

Em Bagagem de Risco, Ethan Kopek (Taron Egerton), um...

Interpretada por Angelina Jolie, saiba quem foi Maria Callas

MARIA CALLAS é o novo filme do diretor chileno...
O stop-motion é sem nenhuma dúvida umas das maneiras mais maravilhosas de contar uma história. O trabalho duro e longo trazem uma magia cinematográfica que se torna atemporal na indústria e foge de convenções mainstream atuais como animações 3D digitalizadas. Com essa ideia, Pinóquio...Crítica | Pinóquio por Guillermo Del Toro