Marcelo Antunez é o nome por trás de alguns títulos da comédia nacional: Até que a sorte
nos separe, Qualquer gato vira-lata e Um suburbano sortudo. Em seu novo longa, decidiu mudar radicalmente de área: ele assina o thriller policial “Polícia Federal – a lei é para todos”, que relata os bastidores da Operação Lava Jato.
O time é de estrelas globais. Antônio Calloni é o delegado Ivan Romano, que comanda uma
equipe composta por Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e Vinícius (João
Baldasserini). O ator Marcelo Serrado interpreta o juiz Sérgio Moro, peça secundária na trama, mas protagonista no curso da operação.
O filme desbrava os primórdios da Lava Jato, esquecidos ou mesmo desconhecidos pelo público: o ano era 2013, a equipe liderada por Ivan realizava a Operação Bidone. Investigavam tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A maior operação policial da história
do país começava com um caminhão de palmito com quase 700 kg de cocaína escondidos. A investigação é a grande estrela da obra: como os policiais vão desvendando papéis, notas fiscais, ligações e descobrindo um emaranhado de políticos e empresários. Ao pegarem alberto Youssef (Roberto Birindelli), têm acesso a nomes de diretores da Petrobras e, a partir deles, a um esquema de corrupção envolvendo obras públicas, empreiteiros, deputados, senadores e até o ex-presidente.
O agigantamento das proporções da Lava Jato vale a adaptação cinematográfica, mas o
filme escorrega em alguns aspectos. É uma ode ao trabalho da Polícia Federal, ignora as
críticas à operação Lava Jato e a imacula, passando longe da verossimilhança. Apesar de
se dizer imparcial, se converte em uma caricaturização persecutória ao PT e, especificamente, ao ex-presidente Lula.
O diretor se defende: é uma obra cinematográfica e não um documentário. E o filme até tenta se livrar da pecha super partidária ao trazer uma cena pós-créditos que mira em Aécio, Temer e a mala de dinheiro. E aí vem a novidade: “Polícia Federal – A lei é para todos” será uma trilogia. E o diretor promete retratar todos os partidos e políticos envolvidos na história.
As polêmicas não param por aí. O embate entre esquerda e direita a respeito do filme já vem acontecendo há algum tempo. Mais grave que a polarização, porém, é a ação judicial que o sindicato dos advogados de são paulo pretende apresentar para retirar o sigilo sobre os patrocinadores, pois acreditam que a obra apresenta um julgamento. O longa custou R$ 16 milhões – um dos maiores orçamentos do cinema nacional – vindos de patrocinadores anônimos.
O buzz, o ódio – por um lado- e a aclamação – por outro – certamente ajudarão Marcelo Antunez a alavancar a bilheteria de seu filme. Resta saber se a boa onda da bilheteria se converterá em boa crítica.