seg, 25 agosto 2025

Crítica | Presa

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Após ser informado sobre um possível ataque, um casal de missionários precisa abandonar seu posto às pressas. Na tentativa de fugir rapidamente do local, embarcam em um suspeito avião particular ao lado de mais dois amigos e um guia turístico, além do piloto. Após algum tempo de voo, o avião não resiste e os passageiros acabam ficando perdidos no meio de um local deserto, salvo pela companhia ameaçadora de leões e outros animais perigosos.

A princípio, parece querer ser um filme de sobrevivência, no qual os personagens precisariam enfrentar as forças da natureza para tentarem sair com vida daquele lugar. No entanto, o diretor não faz a menor ideia de como trabalhar os supostos ataques de animais.

 O perigo é sempre textual “leões são perigosos e matam pessoas”, sem que haja qualquer esforço da parte da direção para criar tensão visual palpável, por meio da composição de planos. Pelo contrário, durante a maior parte do filme, tudo que vemos são os leões se comportando de forma perfeitamente natural: bebendo água, andando…

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Pela forma que o diretor filme a beleza da vida selvagem, a natureza e seus animais, ele provavelmente faria projetos melhores como documentarista do National Geographic – o que não seria nenhum demérito. Por outro lado, como cineasta de terror, ele não tem muito – para não dizer nada – a oferecer, ao menos não nesse projeto.

Quando os ataques finalmente acontecem, nós não vemos. É claro que existe poder na sugestão – Spielberg, por exemplo, faz isso com excelência em Tubarão, usando-se de uma combinação precisa entre uma escolha de ângulos que mostram apenas o suficiente com uma trilha sonora perturbadora. Em Presa, o público mal escuta os gritos das vítimas, não vislumbra nem partes dos ataques, tampouco vê seus resultados, já que sequer os corpos mutilados são mostrados para gerar algum tipo de impacto. Ou seja, é um filme de terror que não explora nem o desconforto direto, nem a inquietação da dedução, nem ao menos o choque do que aconteceu com as vítimas. Nada.

O filme, ainda, conta com uma série de coincidências e conveniências que não combinam com o tom mega realista adotado. Arma falhando e chuva que cai no momento exato que o protagonista precisa são artifícios bem-vindos em filmes como John Wick e Armadilha, que escancaram seu lado lúdico, já aqui parece mais uma desculpa para não precisar mostrar nenhum ataque minimamente gráfico e fugir de mostrar os perigos que só existem na teoria.

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No meio d isso, parece existir algumas tentativas de tratar de temas como religiosidade, mas que – como todo o restante – é feito de forma tímida e sem profundidade. Mais uma ideia vazia jogada e não desenvolvida.

   Além de extremamente mal executado em todas as suas ideias, o filme também acaba pintando os povos originários que lutam contra as invasões em suas terras como “militantes extremistas” (termo retirado da própria sinopse oficial) e terroristas (termo expressamente dito no próprio filme por um dos mocinhos). Eles são considerados os verdadeiros vilões da história e, ao contrário dos animais, seus ataques são sim mostrados com violência e sangue frio. Inclusive, é de péssimo tom a escolha de quem acaba a única vítima fatal desse grupo.

Os heróis, por sua vez, são um missionário e um contrabandista de chifre de rinocerontes, a quem é dado um arco de redenção cafona, apressado e sem o mínimo de cuidado para não cair no clichê.

Existe um debate – no qual não irei me adentrar – se existem filmes bons com visões políticas ruins/nocivas. O problema de Presa é que se trata de um filme ruim com visões políticas ainda piores.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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