Mesmo 10 anos depois, o atentado da Maratona de Boston continua com uma presença forte nos sentimentos da população estadunidense. A tragédia ocorrida em 2013 matou três pessoas e deixou dezenas de outros feridos, logo em seguida toda a mídia estadunidense orquestrou uma caçada para Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, os principais suspeitos do atentado. Com esse contexto, Floyd Russ produz “Procurados – EUA: O Atentado à Maratona de Boston”, um documentário em três partes que busca trazer uma nova visão para o atentado.

O documentário conta nos seus três capítulos com um punhado de imagens found-footage do bombardeio, entrevistas com figuras presentes no local e oficiais encarregados do caso. Dentro dessas entrevistas, é possível ver um certo teor da xenofobia estadunidense, em um momento, Ed Davis e o agente especial encarregado do FBI, Richard DesLauriers, descrevem as horas loucas após os atentados, onde eles estavam coletando vídeos de todas as fontes que puderam encontrar, identificando um cidadão saudita como uma pessoa de interesse apenas porque ele era cidadão saudita. Comentários como esses estão presentes ao longo dos três episódios, sendo intencionais ou não.
O ponto que mais chama o interesse em Procurados é um exame de como a divulgação das imagens dos irmãos desencadeou uma cadeia de eventos violentos nos Estados Unidos. Apesar de ser um aprofundamento preso no senso comum, Russ questiona os passos da mídia estadunidenses que levaram a um tiroteio com policiais e Dzhokhar Tsarnaev, tal impasse deixou um policial do campus do MIT morto.

Mas no fim, o documentário apela para as histórias dos policiais que arriscaram suas vidas para derrotar os terroristas, a narrativa é clara e não poupa esforços para tratá-los como verdadeiros heróis. Estranhamente ignorando o comentário sobre a incitação à violência apontada antes.
Procurados – EUA: O Atentado à Maratona de Boston é uma tentativa de relembrar memórias angustiantes compartilhadas pelos sobreviventes. Raramente questionando sobre as ações midiáticas e alimentando a narrativa “nós vs eles” tão comum nos Estados Unidos, deixando claro sua missão de contar as histórias dos chamados heróis daquela semana.