Aproveitando a coincidência dos lançamentos entre Superman e Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é possível dizer que os dois filmes possuem semelhanças inegáveis quanto às suas propostas. Os dois apresentam uma abordagem mais direta com seus personagens, ignorando histórias de origem, e fazendo algo mais agradável com o público esperado. A maior diferença é a direção, enquanto o Superman ocupa uma linha mais criativa e rica em ângulos de câmera, Quarteto Fantástico segue mais tímido e sem medo de arriscar.
O grande charme da ambientação retrô futurista realmente traz vigor com a produção, não só sendo pela entrega artística dos visuais, mas um clima agradável com aquele universo. Ele traz uma sensação de presenciar as histórias clássicas dos personagens, tão icônicas da década de 60, responsáveis por moldar aquele jovem universo Marvel.

Existe um resumo no início para apenas ambientar o que tinha acontecido até então e provavelmente a primeira parte do longa seja a melhor. Toda a questão da ambientação, os aspectos heróicos da família e a gratidão daquele mundo por seus feitos é muito bonito de se assistir, não só representa algo mais puro dos super heróis, como uma espécie de era de ouro, mas também é inserido de uma maneira bem orgânica para acompanharmos o seu dia a dia.
Apesar de, quanto a direção do Matt Shakman ser algo bem tímido. Ele não entrega algo ruim, porém a sensação passada é de não saber o universo tão rico quanto possui em mãos. As inventividades quantos os poderes dos integrantes ficam mais em algo protocolar do que procurando uma criatividade visual ou técnica. Até às interações, que funcionam e divertem, acabam sendo pouco mostradas. Ainda mais um elenco promissor, ainda pegando jeito com seus personagens, principalmente o Pedro, porém tendo um potencial de química entre eles.
A própria narrativa se diverte por conta da boa e simples história que tem em mãos, ainda mais levando em conta os trabalhos inferiores de antes. Apesar de ficar óbvio em alguns momentos, seja a falta de coragem em algumas decisões ou clichês que já são muito conhecidos no cinema. O próprio embate com o galactus é bacana de presenciar devido a tão esperada fidelidade do personagem em tela e a personagem da surfista tem um bom início, mas acaba sendo meia que deixa de lado e não cria tanto desenvolvimento quanto seu passado ou motivações.

E existem bons momentos quanto algumas individualidades da família. Seja o Ben e sua questão de aparência, existe até um leve indício de romance com uma conhecida, porém o filme acaba esquecendo isso e ficando no embate principal. Os momentos envolvendo a espera e nascimento da criança são bem interessantes, seja um parto em meio a uma viagem intergaláctica ou um suposto milagre ao final do filme. A direção cria uma boa cena ao envolver um ultrassom por meio dos poderes da Sue com seu marido e testemunhar uma primeira visão de seu filho. São esses detalhes que criam o apreço com família e se distância de algo genérico do gênero. E mesmo a questão envolvendo a moeda de troca para salvar o planeta é bem interessante e traz um reflexo envolvendo o limite desse amor entre a humanidade e seus defensores.
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é um boa adição com a família no cinema. Ele não arrisca muito e segue uma história mais direta e simples dos heróis, porém consegue criar muita inventividade devido aos personagens carismáticos e um mundo retrô futurista lindo de se acompanhar. É como se as HQs clássicas ganhassem vida na tela.