Hitchcock adaptou, brilhantemente, o romance Rebecca – A Mulher Inesquecível que foi escrito por Daphne du Maurier. A recepção foi tão boa que o filme ganhou o Oscar de melhor filme em 1940. Em 2020, a Netflix resolveu fazer um remake da obra, o resultado obtido daria calafrios na espinha de Hitchcock (não, isso não é uma coisa boa).
Uma jovem de origem humilde se casa com um nobre que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela descobre surpreendentes segredos sobre o passado dele. O longa seria um bom suspense certo? Ele tenta, sem muito sucesso, mas tenta. Em seus 120 minutos de duração o longa falha nessa tentativa, pois nunca nos deixa apreensivos de fato, tornando a obra quase um drama bem aguado e quase sem sal.
O longa possui momentos bons, mas é uma pena que quando eles começam a ser desenvolvidos, de repente eles são abandonados sem mais nem menos. A invisibilidade perante aos empregados e as pessoas ao seu redor da personagem de Lily James (Yesterday) é de dar pena. A personagem vive a sombra de uma mulher morta, que quando viva foi espetacular. Com sua atuação a atriz consegue mostrar bem o seu sofrimento de nunca ser boa o bastante para estar e ser aceita ali. Uma ótima atuação, que não é acompanhada por Armie Hammer (A Rede Social) que foca em ser sisudo e distante durante 80% do filme todo. O restante do elenco é regular e serve bem os protagonistas.
O roteiro escrito a três mãos por Joe Shrapnel, Anna Waterhouse (Raça) e Jane Goldman (Kick-Ass) cria sub tramas que não deixam o filme sair do lugar. Se o início do filme começa com uma certa urgência em mostrar o começo do romance dos pombinhos, após o casamento tudo ocorre em marcha lenta. Essa falta de ritmo tira qualquer pretensão de fazer suspense com algo na trama. A direção de Ben Wheatley (Free Fire: O Tiroteio) acerta na construção dos ambientes, em especial da mansão Manderley, que é fantástica. O uso da fotografia ensolarada para o início do romance que depois é substituída por leves tons de azul mostrando que as coisas não estão indo bem, também agrada, mas é apenas isso que o diretor oferece de bom, o que frusta bastante.
Rebecca – A Mulher Inesquecível é um filme esquecível, que quase não emplaca como suspense e um remake totalmente desnecessário. Com reviravoltas que não surpreendem, o longa é apenas um livro de capa bonita, com um conteúdo fraco. Se quiser ver esse filme, veja o original. Hitchcock agradece!