qui, 23 outubro 2025

Crítica | Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias

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Em Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias, novo filme de Adriano Portela, um grupo de jovens pesquisadores de eventos paranormais é contratado por um enigmático empresário para encontrar o lendário tesouro da Branca Dias. Ao mergulharem nas lendas urbanas do Recife em busca de pistas sobre o misterioso artefato, eles se veem enredados em uma teia de assustadores segredos ocultos na capital pernambucana.

O horror com toques de investigação, apelo contemplativo à cultura popular e à cidade do Recife (PE), Recife Assombrado, do cineasta Adriano Portela e da produtora Viu Cine, chamou atenção pela sua proposta singular de trazer para as grandes telas, em 2019, as lendas urbanas da capital pernambucana, cidade essa considerada uma das mais assombradas do Brasil e, indubitavelmente, rica em histórias que perpetuam no imaginário popular de geração em geração. A entrega aconteceu de maneira discreta e o resultado, nem um pouco favorável até mesmo para um simplório esmero técnico e narrativo, cujo o longa parece ser totalmente desprovido (ainda mais quando é levada em conta a pretensão do produto em ser levado a sério), amargou qualquer expectativa do público de se deparar com uma adaptação cinematográfica louvável dos “malassombros” recifenses.

Seis anos após o primeiro filme, que, apesar das criticas majoritariamente desfavoráveis, conseguiu tratar um bom desempenho nas bilheterias, chega aos cinemas Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias, sequência ambientada no mesmo bagunçado universo de seu antecessor, convém com certos escorregos narrativos apresentados anteriormente – como, insistir no desenvolvimento extenso de uma história simples, que poderia melhorar se encaixar em um curta-metragem ou episódio de uma série, beirando a uma ilustração exaustiva do tema -, mas, há uma grata surpresa: o longa assume uma identidade própria, diferente do primeiro, e utiliza dessa para se sobressair e entregar um entretenimento digno dos terrores trash de Rodrigo Aragão (mestre contemporâneo do cinema de horror, responsável por obras como Mangue Negro e Prédio Vazio), além de uma abordagem mais sincera em relação às lendas urbanas do Recife.

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Imagem: Viu Cine/Reprodução

Existe um modesto esmero técnico mais aparente em Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias do que em seu antecessor, como nas iluminações em cenas noturnas e filmagens aéreas realizadas por drones bem conduzidos. A fotografia conta com mais planos fechados que evidenciam a ação em cena, apesar de, em determinados momentos, soar como claustrofóbica devido a modesta exploração do campo da imagem. Com locações externas em pontos da cidade e na zona rural, algumas outras cenas do filme foram gravadas em estúdio com cenários reconstruídos por meio de painéis de LED. Também há um uso de animações em 3D para a construção dos efeitos visuais do longa, que demonstram o esforço e dedicação da equipe responsável diante de um orçamento mediano. As sequências de animação também são pontos positivos a serem destacados e valorizados.

O roteiro assinado por Ulisses Brandão faz escolhas sábias em oscilar a ambientação da história tanto em pontos históricos do Recife com fama de mal-assombrados, quanto para o subúrbio e as áreas de mata da cidade, além de dar à narrativa um ar mais amigável, envolvendo um grupo de investigadores que dispõe de personagens carismáticos, além do teor investigativo que trouxe certa dinâmica e aprimorou o entretenimento, reunindo curiosidades sobre edifícios históricos do Recife, como o Teatro de Santa Isabel e o Forte das Cinco Pontas, e a lenda de Branca Dias, figura histórica que vira personagem título no longa-metragem. Porém, a abordagem de Branca está distante das crendices populares que inspiraram história do possível fantasma da senhora de engenho judia que assombra o bairro de Dois Irmãos da capital pernambucana, sequer chegando a mencionar teoria de que a mesma teria jogado toda a sua prata e ouro no Açude do Prata (fonte de abastecimento que leva esse nome graças a lenda local) para fugir de perseguições. Porém, isso não impede que um público específico possa se interessar em querer saber mais sobre quem foi a figura da misteriosa mulher que viveu na capitania de Pernambuco durante o século XVI.

Imagem: Viu Cine/Reprodução

Tal como o primeiro filme, a escolha de elenco tem seus pontos altos e baixos. Mais uma vez, o antagonista Jair das Almas, reprisado com maestria pelo ator recifense Márcio Fecher, rouba a cena com sua amedrontadora e teatral presença, o que faz mais sentido a este segundo filme, já que a narrativa compra sem problemas o caricato. É perceptível o esforço da atriz Vitória Strada ao entregar uma protagonista destemido e curiosa, mas tal força de vontade torna-se ironicamente um tanto forçada em alguns momentos. No entanto, no terceiro ato, sua presença se sobressai, provando também que sua personagem tem muita história para investigar. O filme também conta novamente o ator Daniel Rocha e a ilustre presença de Aramis Trindade, que conta com uma rápida, porém divertida participação.

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Menos expositiva e com mais esmero no quesito do formalismo, Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias pode não ser a grande obra que irá despertar ainda mais o interesse do público nas assombrações da cidade, mas é, de fato, uma boa melhora e um grande passo para uma abordagem mais aprofundada, nas próximas mídias desse universo cinematográfico que se provou rico e competente.

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