ter, 3 dezembro 2024

Crítica | Redenção

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Redenção é um projeto espanhol de 2021 dirigido Icíar Bollaín – que também tem crédito de co-roteirista ao lado de Isa Campo – e chegou no Brasil na última quinta-feira (28/11). O filme é dramatização de eventos reais da política espanhola, mais especificamente, os desdobramentos do assassinato de Juan Maria Jauregi pelo grupo nacionalista ETA (Euskadi Ta Askatasuna – que em basco significa: Pátria Basca e Liberdade).

Após serem julgados e condenados pelo homicídio, dois dos três envolvidos se arrependem dos atos cometidos em nome da luta armada e desligam-se da associação. Anos mais tarde, participam de um programa que os concede a chance de se desculparem com algumas das vítimas que deixaram ao longo do caminho, entre elas, a viúva de Jauregui, Maixabel Lasa – personagem que dá nome ao título original do filme.

A obra se propõe a examinar o conflito político entre bascos e espanhóis a partir das duas perspectivas, e a narrativa se divide entre pontos de vista de Maixabel e sua família de um lado e Ibon e seus ex-companheiros de ETA de outro. Apesar de supostamente oferecer uma abordagem “neutra”, o filme claramente se alinha aos espanhóis que trata como vítimas, enquanto chama os radicais bascos de “vitimizadores”.

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A diretora não se dedica a explicar muito a fundo as nuances do contexto político que culminou naquela situação, portanto, quem estiver pouco familiarizado com a história espanhola, pode se sentir um pouco perdido. Algo que não é necessariamente uma falha do filme, mas que pode prejudicar a experiência daqueles que preferem narrativas mais “mastigadas”.

O mais incomodo é a covardia da realizadora em esconder um discurso partidário sobre o falso manto de uma neutralidade inexistente. Afinal, é impossível fazer um filme apolítico sobre uma questão evidentemente política! Ressalta-se que o problema não é o posicionamento adotado, é a falta de coragem para assumi-lo.  

Dramaticamente se assemelha demais com um episódio ruim de novela, principalmente nos momentos em que a acompanha a família de Maixabel. Já quando vira seus olhares para Ibon, um personagem mais complexo e melhor desenvolvido, o filme ganha bastante profundidade, gerando momentos verdadeiramente interessantes.

Se a construção que leva até o tão aguardado encontro final é inconstante, ao menos a espera é recompensadora. Os últimos minutos são emocionantes e entrega a catarse prometida ao longo da trama. Ainda parece um episódio de novela, só que dessa vez, um episódio muito bom. Em suma, se trata de um dramalhão político que infelizmente não tem coragem de assumir seus posicionamentos, mas, ainda que não funcione como um todo, é capaz de oferecer bons momentos dramáticos pontuais. Por fim, seria injusto não destacar a dupla de atores principais, Blanca Portillo e Luis Tosar que estão brilhantes em seus papeis.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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