qua, 5 março 2025

Crítica | Reformatório Nickel (Nickel Boys)

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Baseado no romance homônimo escrito por Colson Whitehead, que conta a história de um reformatório para infratores juvenis, inspirado na Dozier School For Boys, local famoso pelos abusos sistêmicos cometidos contra seus alunos. Reformatório Nickel é o primeiro longa de ficção dirigido por RaMell Ross, que já demonstra ter muito domínio de estilo e procura desenvolver uma linguagem cinematográfica própria.

Filmado em primeira pessoa, o filme alterna-se entre os pontos de vistas de dois amigos que se conhecem no reformatório, buscando nos colocar diretamente na pele de seus protagonistas, fazendo com que enxerguemos pelos seus olhos os abusos aos quais são submetidos e as violências raciais vivenciadas. Essa escolha de perspectiva funciona não só como uma ferramenta estética, mas principalmente para colocar o espectador dentro da trama.

Semelhante ao que é proposto por Ainda Estou Aqui, o filme propõe um resgate histórico de um passado nada remoto, que parece ter sido esquecido (ou melhor, ignorado) pelos algozes, enquanto as vítimas são obrigadas a carregar as cicatrizes deixadas. O cinema é usado nas duas obras como ferramenta de resgate da memória que muitos prefeririam enterrar junto aos cadáveres das vítimas para não precisarem lidar com os horrores. Enquanto isso, os sobreviventes lutam para não deixar que suas histórias caiam no esquecimento e tentam buscar algum tipo de conforto e encerramento através do reconhecimento do passado.

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É o que acontece com um dos jovens protagonistas, que após conseguir sair de Nickel continua lutando por igualdade racial, diretos civis e busca justiça pelos seus colegas de reformatório. Se permitindo seguir em frente e construir uma vida estável, sem virar as costas para sua história.

O filme prefere uma abordagem pessoal e sensível que nos leva a ver o mundo a partir dos olhares dos personagens, ao invés de apelar para o didatismo dos diálogos expositivos que muito comunicam, mas podem em alguns casos prejudicar a conexão emocional. As imagens aqui realmente dizem mais do que mil palavras, inclusive o filme também fala muito através do que não diz expressamente.

Ao permitir que o público testemunhe em primeira pessoa os acontecimentos vividos no reformatório Nickel, RaMell Ross cria uma obra de ficção intimista e sentimental, além de apostar na estilização que se destaca em seu filme. O diretor se permite brincar com estilos e constrói sua assinatura, mostrando que apesar de ser um nome relativamente novo na indústria já demonstra potencial.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
Baseado no romance homônimo escrito por Colson Whitehead, que conta a história de um reformatório para infratores juvenis, inspirado na Dozier School For Boys, local famoso pelos abusos sistêmicos cometidos contra seus alunos. Reformatório Nickel é o primeiro longa de ficção dirigido por RaMell...Crítica | Reformatório Nickel (Nickel Boys)