sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Roma

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Alfonso Cuarón é considerado por muitos um dos melhores cineastas do mundo. Pra outros ele não é tudo isso. Porém é inegável que Roma, obra disponível na Netflix, é um dos melhores filmes do ano*. O monumental relato sobre o México dos anos 70 realizado por ele é esplendido! E digno de todos os elogios possíveis.

Roma narra a história de Cleo, uma empregada doméstica que trabalha para uma família de classe média no México. Essa narrativa é inspirada, em partes, na infância do próprio Cuarón, se tornando uma semi-cinebiografia. Além disso o longa nos entrega um relato cru e emotivo sobre as alegrias e tristezas do cotidiano da vida doméstica, além de um testemunho desolador sobre as desigualdades sociais não apenas do México, mas de toda a América Latina.

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A opção pela impactante fotografia preto e branco parece mais ser movida pelo sentimentalismo do que pela intenção de ser um filme/documentário da época. Essa “limitação técnica” imposta pelo diretor somada a ausência da trilha sonora, faz com que prestemos mais atenção ao drama de Cleo, a empregada de origem indígena (provavelmente inspirada em alguém da vida de Cuarón) que é cozinheira, babá e faxineira da família e acaba sendo uma segunda mãe para os filhos da patroa e dela também em determinados pontos do filme. Algo parecido com essa relação pode ser vista no excelente longa nacional Que Horas Ela Volta? (dirigido por Anna Muylaert). Outro ponto de destaque é a recriação da época, não apenas os cenários, vestuários e programas de televisão, mas os contextos sociais do México nos anos 70. Um trabalho maravilhoso, digno de premiação.

A narrativa lenta, pode incomodar alguns, porém ela tem uma função estratégica para a história. O diretor usa essa técnica para nos mostrar detalhes da vida de Cleo, fazendo assim com que nos importemos com a mesma e com seus dramas. Outro fato que pode incomodar alguns é que esse longa é um dos mais reflexivos da carreira de Cuáron. Aqui ele usa e abusa do simbolismo. Podemos ver isso em algumas cenas, como por exemplo: numa cena na qual a patroa leva Cleo ao hospital e não sabe nada sobre ela (nem a data de aniversário) ou nas cenas em que os “homens” da trama usam desculpas para fugir de suas responsabilidades: um diz que vai ao banheiro e o outro diz que precisa fazer uma viagem. Realidades diferentes e um mau caratismo similar, além de outras que não direi para não estragar a trama.

Roma é uma história triste, mas relembrada com carinho por Cuarón, que fala das superações que precisamos fazer nessa vida. Uma trama que infelizmente ainda hoje pode ser vista em vários lares, sejam eles Mexicanos ou não. Roma foi o vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza 2018 e do Globo de Ouro e se existir justiça nesse mundo, será vencedor do Oscar 2019 também.

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* O filme está desde de 2018 disponível na Netflix, porém só ontem o vi.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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