Histórias clássicas estão condenadas a receber releituras de tempos em tempos, algumas muito boas e outras extremamente dispensáveis. Para nossa sorte e alegria, Rosalina tem algo de novo para apresentar nessa releitura que acrescenta jovialidade e carisma sobre a já conhecida desventura romântica. O filme é inspirado no clássico Romeu e Julieta de Shakespeare e apresenta todo o romance do ponto de vista de Rosalina, que está inconsolável depois que Romeu caiu de amores por sua prima Julieta.
Na sua primeira cena Rosalina, já mostra ao que veio. O filme com charme elimina todas as formalidades conhecidas do texto de Shakespeare e acerta ao mudar o seu tom, adicionando um pouco de sarcasmo à narrativa. A direção de Karen Maine (Acampamento do Pecado) opta por focar em seu elenco talentoso, afim de que ele brilhe declamando o texto escrito por Scott Neustadter ((500) Dias com Ela) e Michael H. Weber (O Maravilhoso Agora). O problema é que esse texto tem altos e baixos, o que prejudica um pouco o andamento da trama e o elenco. Kaitlyn Dever (Dopesick) brilha em alguns momentos, mas eles estão espaçados e na maior parte ela apenas cumpre o papel. Os personagens secundários não tem tempo em tela suficiente para oferecer algo marcante e são apenas recortes do que poderiam ter sido caso houvesse tempo para desenvolver os mesmos. Além disso, o humor ácido e debochado consegue arrancar algumas risadas aqui e ali, cumprindo a função como comédia. Discursos como o empoderamento feminino e a pressão que as mulheres sofrem em mudar suas personalidades em prol de um romance, são apresentados de modo satisfatório e conseguem atender às expectativas que a nova roupagem do clássico se propõe a fazer.
A trilha sonora é um acerto e apresenta músicas contemporâneas com uma roupagem pop que deve agradar todos os públicos. A fotografia é muito certinha e nada ousada. Os locais da época, cenários e figurinos vistos são muito bons e o design de produção merece destaque. Tudo relacionado a década onde a trama se passa é reproduzido com esmero.
Rosalina é uma comédia leve e descompromissada, que apresenta outro ponto de vista sobre um romance clássico. Entre acertos e erros do roteiro, o saldo é positivo e bem divertido.