sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Sala Escura

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      Se existe uma ideia de que o Brasil não produz cinema de gênero, isso não poderia estar mais longe da verdade. Sejam os clássicos do horror de José Mojica Marins, ou até exemplos recentes de produções análogas ao western norte-americano como em Bacurau (2019), fica claro o potencial de nosso cinema em desenvolver narrativas que se alinham com os mais diversos nichos estéticos e temáticos mesmo que muitas vezes não pareça ter um incentivo para isso. Tendo isso em vista, a chegada de Sala Escura, slasher cem por cento nacional às salas de cinema pode soar como um alívio para quem busca algo diferente mas vamos por partes.

     O filme acompanha o conflito de 9 pessoas que pensavam estar entrando em mais uma sessão qualquer de cinema mas que acabam se deparando com cenas grotescas no telão que parecem ser reais até demais. Aos poucos a ficha cai e o jogo de vida ou morte entre esses 9 desconhecidos e um maníaco homicida começa. 

     É difícil falar sobre o filme sem entregar muito porque se trata de uma história concentrada em um único ambiente, acontecendo basicamente em tempo real na tela. Desde o primeiro segundo o filme já tenta estabelecer uma relação direta com o espectador ao fazer uma quebra entre o espaço do filme e o da sala de cinema. Acompanhar a situação posta em cena estando num espaço similar já coloca uma outra dimensão nessa história, mas isso pode ser também uma faca de dois gumes.

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      Sala Escura usa bem seu tempo de rodagem para estabelecer, mesmo com pouco, uma dinâmica clara entre os seus personagens, cada um ali tem suas características principais mais ou menos definidas e uma função relativamente clara dentro do grupo, mesmo que seja a de vítima. Ainda assim, como é uma história que passa de forma corrida não existe muita abertura para dar camadas para essas caracterizações, então o que sobra é o banho de sangue como prato principal. 

     A violência aqui alterna entre o explícito e o sugerido, tendo algumas cenas tomando seu tempo para evidenciar a brutalidade e outras se encontrando mais pelo som, e nesse sentido o filme consegue entregar alguns momentos interessantes dentro de sua 1 hora e 40 de rodagem. A dinâmica entre o agressor e as vítimas acaba sendo o ponto mais forte, mesmo que ele sofra com yma série de conveniências narrativas pra conseguir parar em pé.

      No fim, Sala Escura é um filme bem direto ao ponto. Aqui não existe muito para além do exercício visual que essa premissa propõe, mas consegue guardar os seus momentos mesmo dentro das limitações que tem.

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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