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    Crítica | Scott Pilgrim: A Série

    Adaptação da Netflix subverte história de HQ e filme, mas consegue manter essência das respectivas produções

    Imagem: Netflix/Reprodução
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    Baseado na HQ de Bryan Lee O’Malley e no filme “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, o anime Scott Pilgrim: A Série (Scott Pilgrim: Takes Off) acompanha as aventuras de um roqueiro de Toronto, Canadá, de 20 e poucos anos em conseguir e manter empregos, evitar ser expulso de seu apartamento e sobreviver aos encontros com os sete ex-namorados malvados da nova garota por quem ele está apaixonado.

    Publicado entre 2004 e 2010, a série de quadrinhos Scott Pilgrim, de Bryan Lee O’Malley, conquistou um bom número de fãs ao redor do mundo, o que se intensificou após o lançamento da adaptação cinematográfica de Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto), de 2010, onde o numeroso elenco, contendo nomes como Michael Cera e Mary Elizabeth Winstead, fez história. Não é novidade que a criação de Lee O’Malley, amalgamada ao longa de Wright, preze por uma criatividade narrativa que surpreende até quem não se permite entrar no universo de personagens simpáticos, que utilizam de temas que fazem alusão a uma juventude moderna movida através da cultura pop. Com o objetivo de expandir esse engenhoso universo, a Netflix lançou o anime Scott Pilgrim: A Série (Scott Pilgrim Takes Off). Porém, para alegria e decepção de alguns fãs (sim, é preciso destacar que haverá tanto satisfação quanto uma compreensível rejeição por parte do público e da crítica), a nova produção de encaixa melhor como um “new game” repleto de bem-vindos upgrades, porém questionavelmente distribuídos ao longo da projeção, do que mais uma adaptação da obra.

    Imagem: Netflix/Reprodução

    Antes de estranhar os acontecimentos provenientes do primeiro episódio da série, que leva o famoso título “Scott Pilgrim e Sua Preciosa Vidinha”, é importante ter a convicção de que Scott Pilgrim: A Série não é uma continuação, um remake, muito menos um reboot, e sim um mix de referências do universo dos quadrinhos e do filme que trazem uma nova abordagem à história, mas sem abandonar sua essência e nem mesmo a base que sustenta toda a aventura. A partir de uma inusitada, e consideravelmente corajosa, reviravolta, a produção adquire uma oportunidade em ser mais do mesmo e se arriscar fora da curva, apresentando não só uma nova roupagem para a história, mas também aproveitando de maneira responsável seus diversos personagens.

    Contudo, investidas ousadas que mexem e remexem com uma história que já estamos acostumados não deixam de resultar em certas estranhezas ou até mesmo plenas convicções, por parte do público, de que não haviam necessidades para algumas mudanças tão drásticas. O protagonismo quase inexistente de Scott (Michael Cera) chega a incomodar ao longo da produção, apesar de ser momentaneamente compensado por um heroísmo de Ramona (Mary Elizabeth Winstead) que é tratado com esmero e respeito à obra original, sem descaracterizar sua personagem, mas desmistificando a ideia errônea de que a grota de cabelos coloridos seria uma destruidora de corações.

    Imagem: Netflix/Reprodução

    Distribuídos em 8 episódios de, aproximadamente, 25 minutos, o anime capta com maestria a linguagem e uma revista em quadrinhos, desde os traços e gráficos cartunescos até o colorido vibrante de animações japonesas, o que ocasiona um vindouro casamento com o estilo saudosista de vídeo games noventistas. A estética, aprimorada devido a certa “liberdade” narrativa que permite ultrapassar barreiras do imaginário e criar magníficos cenários surrealistas e sequências eletrizantes, é um dos principais condutores para o funcionamento da série. Mesmo se esticando de maneira pretensiosa, ainda mais em episódios que somente espicham a participação de personagens já conhecidos, apesar de atribuir aos tais novas características que complementam suas personalidades – Lucas Lee,  Todd Ingram, Wallace Wells e Envy Adams são privilegiados com essas mudanças – , Scott Pilgrim: A Série satisfaz quanto a quantidade e metragem de seus capítulos. Uma única ressalva à técnica de animação em 2D utilizada é a ausência de suavidade nos movimentos dos personagens, além de um melhor acabamento de cenários.

    Com um elenco de vozes afiado e nostálgico para os fãs do filme de Edgar Wright, Scott Pilgrim: A Série tem a proeza de contar com os talentos de Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Jason Schwartzmann, Chris EvansBrie LarsonKieran CulkinAubrey PlazaBrandon RouthAnna Kendrick, entre outros.

    Altamente compensado pelas surpreendentes reviravoltas nos dois últimos episódios e por sua conclusão criativa e repleta de significados modestos, porém sinceros, Scott Pilgrim: A Série é um divertido e competente aditivo à saga, que já fez história nos quadrinhos, cinema, game e agora aproveita sua inventividade para se aventurar no streaming.

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