Se eu Fosse Luísa Sonza é um documentário da Netflix que mostra o processo criativo e a vida pessoal da cantora pop brasileira Luísa Sonza. Na minissérie, o desenvolvimento do álbum Escândalo Íntimo, terceiro disco da carreira da artista, cruza com acontecimentos importantes para a trajetória particular e profissional de Luísa Sonza.
A série é dirigida pela própria cantora, que estreia na função, e explora diversos momentos de sua carreira. Sonza opta em criar uma narrativa que foca, quase que exclusivamente, em sua carreira e nos desdobramentos dela, usando imagens e vídeos dos bastidores, depoimentos dos seus amigos/funcionários e alguns trechos de sua vida, antes da fama. O período retratado na série documental acontece entre os anos de 2016 até 2023. Esses sete anos são explorados em três episódios de uma cerca de 40 minutos cada, que servem para mostrar quem é pessoa Luísa Sonza, por trás da cantora famosa.
A produção mostra um pouco da pressão que a cantora sofreu, e sofre, das redes sociais e as consequências dessas ações em sua vida pessoal. O retrato apresentado na série é de uma pessoa que está no seu limite. Sonza tem baixa auto estima, indícios de ansiedade e mostra que com o sucesso vieram diversos problemas. A missão do documentário em mostrar o lado humano da pop star, tem os seus acertos e erros.
Entre os acertos do documentário estão a escolha por uma narrativa não linear. Tudo apresentado reflete o estado de espírito da cantora, que é caótico. Questões íntimas sobre seus relacionamentos são abordadas de modo sensível e respeitoso. Dos seus relacionamentos o mais abordado é o com o comediante Whinderson Nunes, que participa e faz algumas revelações que devem repercutir nas redes, após o lançamento da série. A toxicidade da opinião dos fãs sobre o relacionamento deles é algo que levará quem assiste a produção, a uma reflexão profunda sobre seu comportamento.
Os erros aparecem na narrativa, surgem quando algumas polêmicas são abordadas, por exemplo: o caso de racismo envolvendo a cantora, é abordado por ela de modo simplório, quase que como uma nota de rodapé, o discurso gravado por ela para falar sobre o tema mostra que ela entendeu o erro, mas não vemos ela assumir a culpa em momento algum, nem sobre isso nem sobre nada. O relacionamento dela com o cantor Vitão, também é abordado e não tem a participação do cantor, mostrando apenas a versão dela sobre os fatos. Os depoimentos apresentados pela família, amigos/funcionários servem, em sua maioria, apenas para engrandecer a figura de Sonza como pessoa/artista. O comportamento deles em frente as câmeras até geram uma estranheza da cantora, que revela que eles normalmente não são assim. Cenas mostrando o seu tratamento com a equipe/família tem um ar de comercial, o que enfraquece a narrativa apresentada.
Cenas sobre a composição de canções, como funciona o gerenciamento de sua carreira e como é a sua relação com os fãs surgem com o intuito de, novamente, engrandecer a carreira da artista e parece até uma propaganda feita sob encomenda. A relação familiar tem pouco espaço. Algumas cenas com a mãe, mostram a preocupação da mesma com a saúde e carreira da filha, mas as cenas apresentadas mostram que Sonza também se cobra demais e se torna vítima de suas próprias obsessões.
Se Eu Fosse Luísa Sonsa revela um retrato caótico e intenso de uma jovem artista que vive no limite. Por mais que a produção não mostre ela assumindo as responsabilidades sobre algumas polêmicas que a cercam, e prefira mostrar a cantora como uma vítima das circunstâncias e da toxicidade dos fãs, a minissérie acerta ao mostrar quem é Luísa como pessoa. Os fãs, devem gostar da produção.
