dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Sem Pensar no Amanhã

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Assistir um show de Alceu Valença é uma experiência única. Sentir a energia e hiperatividade do cantor no palco e vibrar com cada nota e cada verso das canções nos faz conectar com a persona que Alceu nos passa, isso é algo difícil de ser posto em câmeras ou em texto. Mas e quanto ao artista fora dos palcos? Gravado durante a pandemia de Covid-19, Sem Pensar no Amanhã é um documentário dirigido e idealizado por Marcos Credie, nos mostrando uma abordagem mais íntima do cantor, com a sua reação e dos seus familiares ao momento mais sombrio dessa década. 

Contar quem é Alceu dentro dos palcos é uma coisa fácil, como dito acima, a energia que o cantor passa pra quem vai o assistir em alguma apresentação é inegável, mas o cenário se torna outro quando sua voz fica limitada a apenas em casa, com uma sensibilidade narrativa, Credie nos dá uma perspectiva forasteira de como Valença é em sua rotina fora dos shows, tendo que enfrentar as dificuldades de não poder gastar sua energia nos palcos. Aos poucos, a rotina vai se familiarizando com o espectador, nos tornando conhecidos da família que conversa e nos conta sobre o cantor. 

Alceu é uma pessoa que não consegue ficar parada, aos 74 anos (sua idade durante a gravação da obra) sentia dificuldade em conseguir canalizar o fervor acumulado por não poder passá-lo para o público, acompanhamos essa jornada que nos leva até a construção de novos álbuns, todos gravados durante o período de isolamento. Parte do documentário é dedicado à relação que Alceu tem com seu irmão, Paulo Rafael, que faleceu antes da conclusão da obra. Nesse tempo, mostra-se claro como apesar de Valença ser o nome que o público conhece e ama, sua trajetória se deve também à parceria e irmandade com Rafael. 

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A visão íntima e sensível de um dos artistas mais amados do Nordeste é um privilégio que é passado para espectador nesta obra, observar a trajetória de uma pessoa que, como dito por ele mesmo, nunca parou realmente em casa, tentando se adaptar até conseguir transformar tudo em arte é uma narrativa passada com brilhantismo por Marcos Credie. A cada depoimento de seus entes queridos ou do próprio cantor, um pouquinho mais de Alceu é nos dado a ponto de criar expectativas positivas para os álbuns gravados durante esse período. 

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