Um casal separado, há alguns anos, com uma recompensa oferecida por suas cabeças, embarca em uma fuga desesperada ao lado do filho, buscando escapar de seu antigo empregador — uma unidade secreta de operações especiais enviada para eliminá-los.
O diretor Joe Carnahan já ocupou posição de destaque no universo da ação, e ainda carrega expectativas com novos projetos. A entrada de Kerry Washington neste cenário, tradicionalmente dominado por figuras masculinas, traz um frescor promissor. Contudo, o longa não corresponde às aspirações geradas por seus nomes — trata-se de uma obra que recorre a fórmulas desgastadas, entregando uma narrativa previsível e sem ousadia.
Em vez de oferecer ritmo frenético e confrontos impactantes, o filme opta por uma abordagem que privilegia diálogos extensos, focando na dinâmica familiar entre Kyrah (Kerry Washington), Isaac (Omar Sy) e o filho Ky. Embora haja momentos agradáveis — como referências musicais a Lionel Richie — esse enfoque compromete o impacto das cenas de ação, que surgem em momentos pontuais e de maneira pouco expressiva.
Mesmo com um orçamento modesto, esperava-se mais inventividade. Outros projetos de escala similar demonstraram que é possível conceber coreografias memoráveis com recursos limitados. Aqui, a ação é sufocada por cortes excessivos e falta de ousadia na mise-en-scène. O terceiro ato até tenta ganhar fôlego, mas sem originalidade ou potência dramática. Ao menos, é louvável o esforço prático da equipe ao evitar excesso de efeitos visuais digitais — algo raro no gênero atualmente.
No núcleo dramático, Kyrah sofre com uma construção mal elaborada. A personagem age de forma displicente e passiva, prejudicando não apenas o enredo, mas também o desempenho de Kerry Washington, que tenta conferir humanidade a uma figura comprometida pela inconsistência narrativa. Isaac, por sua vez, apresenta um arco simplório, reduzido à constatação de que ainda sabe atirar bem.
Entre os destaques está Da’Vine Joy Randolph, que injeta energia e presença à produção, especialmente ao lado de Method Man, como tia e tio. Já Mark Strong — talentoso, porém previsivelmente escalado como antagonista — parece aprisionado em um papel genérico e subaproveitado, reforçando a sensação de que há poucas camadas dramáticas nos vilões apresentados.
Shadow Force – Sentença de Morte falha em estabelecer uma conexão com o público amante do gênero. Seus escassos momentos de ação não compensam os trechos arrastados, e o casal central carece de química e profundidade. A tentativa de lembrar clássicos como Sr. & Sra. Smith (2005) resulta em algo sem identidade. No fim, a produção se assemelha a um projeto com muitas vozes criativas em conflito e pouco foco narrativo — um exemplo de potencial desperdiçado.