dom, 24 novembro 2024

Crítica | Shazam! Fúria dos Deuses

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Chegando com um gosto amargo de fazer parte do futuramente falecido DCEU, Shazam! Fúria dos Deuses estreia nas salas de cinema com uma expectativa morna e com pouco barulho na Cultura Pop. Felizmente, não é a cultura de hype ou marketing que dita a qualidade de um filme e sim como ele se apresenta na sua narrativa e temas dentro da obra, e sem dúvidas o segundo filme do herói consegue se mostrar sólido nesses aspectos, mas que tropeça bastante no caminho.

Seguindo os mesmos passos que o primeiro longa, Shazam 2 aposta na simplicidade e charme de seus personagens. Zachary Levi continua na boa dosagem de criança na pele de um adulto, mas abre espaço também para um drama maior sobre suas inseguranças e respostas aos traumas do primeiro filme. Billy Batson está prestes a fazer 18 anos e está sofrendo com a incerteza de se sua família adotiva ainda vai querê-lo por perto após a maioridade. 

Em paralelo temos o resto da família Shazam, uns com mais holofotes que outros porém nenhum é deixado de lado na caracterização. O foco principal deles é o personagem de Jack Dylan Grazer, que continua tão bem no papel que quando Freddy Freeman entra na sua forma super-heroica, perdemos boa parte do carisma do personagem mesmo Adam Brody fazendo o possível para manter a alma e apelos do jovem.

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Shazam, apesar do nome ser de apenas um herói, sua essência emocional é sobre família. No primeiro filme acompanhamos Billy aprender a encontrar sua família naqueles que o amam e não em quem deveriam amá-lo. Agora neste segundo capítulo, Billy precisa entender a existência da autonomia familiar, que cada um de seus irmãos tem suas próprias vidas e que não vão abandonar o herói se viverem elas.

Em contrapartida, temos a ameaça unidimensional do trimestre, dessa vez na forma de duas deusas interpretadas por Lucy Liu e Helen Mirren. É frustrante mas esperado o quanto as duas atrizes são desperdiçadas em dois papéis que não entregam profundidade alguma. O antagonismo das Filhas de Atlas parece estar presente no filme apenas para cumprir um checklist do que é esperado de um filme de super-herói. E nisso é onde Shazam peca mais, tropeços que seguem a mesma fórmula de seu antecessor, na tentativa de ser uma obra mais segura e comercial, o filme perde a chance de ousar e de se individualizar.

Tal segurança do roteiro nas vilãs também se reflete na direção de arte do filme, é impressionante como um filme com tanta maturidade emocional no seu drama consiga ser tão imaturo e insosso no design das criaturas mágicas. No primeiro filme os pecados eram resumidos como “Monstro genérico número 1, 2,3”, em Fúrias dos Deuses ao menos podemos contar com criaturas já conhecidas no imaginário popular, mas infelizmente o design destas criaturas nunca vão além do básico. 

Tais seguranças e timidez dialogam entre si mas acabam perdendo conexão com o humor presente no filme. A obra acaba parecendo dois filmes diferentes, um drama familiar sincero com humor bem dosado, e um filme de ação com monstros genéricos e CGI exagerados. A frustração é inevitável por conta do quão sensível o drama familiar consegue ser, mas é ofuscado pela necessidade de uma ação sem alma no filme.

No fim, Shazam! Fúria dos Deuses demonstra ter potencial para se tornar uma história emocionante sobre uma família diversa e complexa, que faz o espectador sentir que ali tem coisa além de dois bonecos fortes se batendo. Porém sua falta de coragem fica clara quando se observa a falta de diálogo com o desenvolvimento de seus antagonistas, deixando assim um filme que nunca vai além do básico, entregando uma experiência divertida mas que dificilmente será lembrada após a morte do DCEU.

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Destaque

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