ter, 23 abril 2024

Crítica | Slumberland: O Reino dos Sonhos 

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Depois de vários problemas de filmagem ao longo da pandemia com inúmeros adiamentos, Slumberland (ou Terra dos Sonhos) chega finalmente na Netflix. O filme é uma adaptação das histórias em quadrinhos icônicas escritas por Winsor McCay. Estrelado por Marlow Barkley, Jason Momoa e Chris O’Dowd.

Slumberland traz um sentimento que já foi bem comum no cinema Hollywoodiano em meados dos anos 2000, uma história de aventura melodramática que nos leva para um universo completamente novo e imaginativo. Com inspirações claras em filmes como Zathura e Viagem ao Centro da Terra, Francis Lawrence, conhecido por sua direção na franquia de Jogos Vorazes, evoca essa fantasia aventuresca na sua narrativa, trazendo uma sensação lúdica e confortável para os cenários e personagens ao longo da obra.

Apesar de tal conforto, o filme também busca compreender a importância de balancear o sonhar fantasioso com expectativas reais. Seguindo esse equilíbrio, Terra dos Sonhos encontra um meio termo entre o melodrama da vida real e um imaginário, limitado, mas carismático do mundo dos sonhos. 

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Ainda assim, tal limitação acaba sendo um pouco frustrante no quesito da fantasia, apesar de evocar o imaginário fantástico e aventuresco de filmes anteriores, Slumberland se mostra bastante limitado na criatividade do seu universo. Mesmo que não atrapalhando 100% a imersão no filme, isso só faz ele não ir muito além de uma visita confortável a elementos e aspectos da ficção que já vimos muitas vezes em outras obras, tornando assim o filme prazeroso de se assistir mas nunca marcante o suficiente para ser lembrado no futuro. Mesmo com uma sacada espertinha aqui e ali, a concepção dos sonhos e da agência que persegue os personagens não vão muito além do lugar comum.

Mesmo com problemas na criatividade limitada, é de se argumentar que o ponto mais fraco é um dos seus nomes principais: Jason Momoa. O ator pode ser uma pessoa extremamente bacana e entregar personagens carismáticos quando interpreta o brutamonte gente boa, porém o personagem Flip é completamente o oposto da caracterização familiar para o astro. A caracterização lúdica e atrapalhada que compõe Flip deixa bastante claro a limitação de Momoa, sempre fazendo os trejeitos do personagem de uma maneira um tanto artificial.

Em contrapartida, o resto do elenco consegue entregar uma competência necessária para o equilíbrio do lúdico com o melodramático. A protagonista Marlow Barkley entrega uma Nemo que nos conecta com seu sentimento de estar maravilhada com o mundo dos sonhos, mas também nos emociona com o luto e a realização de superar o mesmo. 

SLUMBERLAND – (L-R) Kyle Chandler as PETER and Marlow Barkley as NEMO in Slumberland. Cr: Netflix © 2022

Junto com Barkley e compondo apenas o mundo real temos Chris O’Dowd interpretando Phillip, que desde sua primeira aparição já nos chama a atenção o quão bem o personagem é construído. Mesmo que o foco maior seja nas interações de Nemo e Flip, O’Dowd consegue apresentar um homem que se fechou para o mundo, a sua caracterização não tão sutil enriquece a sua personalidade com Phillip sendo um criador de fechaduras. 

Apesar de uma escolha infeliz para um dos papéis principais com Momoa, Slumberland se mostra uma aventura cativante, imperfeita mas charmosa que traz de volta as fantasias melodramáticas que marcaram uma década no início desse século. A obra está longe de se tornar um clássico instantâneo da Netflix, porém isso não a impede de nos entreter e emocionar ao longo de sua duração.

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