qua, 24 abril 2024

Crítica | Spiderhead (2022)

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Após o lançamento de Black Mirror (2011) e o estouro durante a sua terceira temporada, surgiu um novo tentáculo narrativo quando se trata de ficção científica. Uma ambientação que foge do Neo-noir iluminado em Neon com toques de Phillip K. Dick, e busca uma modernidade limpa e minimalista, a sensação que esses universos passam é uma predatória passiva, onde você sabe que está em perigo mas não sabe definir de onde vem tal ameaça.

É nesse contexto em que Spiderhead (2022) se apresenta. O filme se passa numa época não determinada (pode se assumir que é o presente ou um futuro não tão distante) acompanhando a história de um laboratório de pesquisas que realiza testes de drogas em detentos em prisão perpétua nos Estados Unidos, com o objetivo de manipular as emoções dos mesmos. Seu diretor Joseph Kosinski, já tendo costume de trabalhar sci-fis com seu revival da saga Tron, apresenta um mundo isolado e sufocante através da tecnologia minimalista e nos enquadramentos que, apesar de mostrar um cenário espaçoso, coloca seus personagens presos no quadro. 

Seja por conta de pressão por parte da Netflix, ou seja por pura falta de inspiração, a direção de Kosinski não vai muito além do que já é esperado de uma história genérica do gênero. A sua ficção científica apresenta uma timidez de ir pro lado ficção, o mistério criado ao longo do filme perde sua força após o primeiro ato quando já nos apresenta uma reviravolta que nos deixa cientes de toda a trama, ao ponto de que não nos entrega a tensão e suspense necessários para nos levar ao resto do filme. Algo que poderia dar um maior tempero para a obra que fica perdida entre ser um blockbuster de ação, um drama, e uma distopia sci-fi. Nessa indecisão, todas as alternativas acabam se tornando rasas,  criando um drama que não sentimos a tensão e a entrega emocional necessária, enquanto o sci-fi e a ação tentam recriar artificialmente características de outras obras que fazem sucesso nesses aspectos.

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Na linha de frente da pesquisa, e do elenco da obra, temos o personagem de Chris Hemsworth. O arquétipo que o ator conhecido pelo Deus do Trovão veste já é familiar para quem acompanha essa linha de ficções científicas, o cientista que se apresenta como o amigo e aliado do protagonista para depois se revelar como o antagonista do filme. Apesar disso, Hemsworth mostra suas limitações como ator nesse papel, durante seu tempo de tela, ele faz algo parecido com atuação, fica no lugar demarcado de seu personagem e fala em voz alta as linhas de diálogos que decorou, além disso não tem muito mais a se mostrar por parte do ator. Mas isso não é problema apenas da atuação, uma direção com maior entusiasmo e domínio de suas cenas conseguiria tirar o leite de pedra. 

Spiderhead se apresenta como um promissor e intrigante mistério que aos poucos vai nos perdendo ao se mostrar como mais uma produção sem inspiração que apenas repete o que está em alta e não tenta criar uma identidade para si, desperdiçando potenciais tanto na atuação quanto no gênero que se encaixa, nos deixando apenas com um gosto amargo e sem sabor de uma mistura sem paixão.

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