qua, 8 maio 2024

Crítica | Spy x Family Código: Branco

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      O trabalho de Tatsuya Endo cativou muitos com sua leveza, o anime/mangá Spy x Family é hoje uma força tanto no Japão quanto no Ocidente e, tal qual tantos outros contemporâneos, se tornou uma marca potente que inevitavelmente seria explorada em diferentes mercados. Isso nos trás a Código: Branco, primeiro longa metragem da franquia que, mesmo deslocado da série principal, ainda tenta manter sua lógica de fluxo.

      O filme busca reintroduzir os seus personagens principais para manter a coesão mesmo deslocado da série animada principal. Somos reapresentados a Loid (o espião), Yor (a assassina de aluguel), Anya (a telepata), Bond (o cachorro vidente) e a dinâmica dessa família – a princípio – de fachada. O charme dessa dinâmica se mantém e, inevitavelmente, Anya continua a roubar o show com sua inocência infantil e criatividade que tanto contrastam com o perfeccionismo mecanizado de Loid ou o martírio sentimental de Yor. São personagens que se fazem avançar de maneira natural em suas características diversas e, por consequência, reverberam naturalmente em suas interações.

      Essa franquia carrega força em sua multiplicidade, a paródia do gênero de espionagem é uma capa aqui que permite brincadeiras de diversos teores, seja pela ação, pelos clichês ou por romper com o que se espera deles, nesse sentido Código: Branco ainda segue os passos do que Spy x Family já vem construindo nos últimos anos, o problema talvez seja na falta de conteúdo para preencher as lacunas que a duração de um filme demanda. Esse arco caberia com tranquilidade dentro de um único episódio, talvez no máximo dois. Isso não quer dizer que é uma história que não merece ser explorada, mas sim que ela, na prática, não foi.

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      Na tentativa de copiar a estrutura padrão da série principal, esse filme acaba se prendendo a um fio narrativo que ou por ritmo ou por desinteresse fazem com que essa experiência vá se perdendo em momentos de estagnação. O principal embate aqui é emocional, mas na necessidade de criar um espetáculo digno de uma tela grande, a ação acaba entrando como um elemento meio deslocado a partir de um personagem que narrativamente mal passa de um fiapo mesmo significando uma ameaça grande para a estrutura política deste mundo. Se escorar na ideia de paródia não consegue apagar a falta de dimensão que esse filme dá a seu antagonista e, dado o tempo investido para tudo relacionado a ele, não chega compensar as boas e divertidas interações da família Forger que toda essa confusão política permite.

      Parece também faltar uma maior unidade para essa produção, pensando mais pelo olhar da técnica, seja por questão de orçamento ou planejamento é visível o contraste entre alguns segmentos do filme, são momentos de brilho criativo, de vida injetada e de pura diversão que só evidenciam alguns trechos mais insossos e redundantes, tanto no visual quanto no texto.

      Spy x Family Código: Branco é na prática um grande episódio de sua série principal, para bem ou mal. Se encontra calor e sensibilidade em meio à paródia, ainda se apega numa narrativa arrastada por um maniqueismo que deveria ser alérgico a esses personagens (por definição) ambíguos.

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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