dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Star Wars: O Despertar da Força

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Por Leonardo Casillo

Não me lembro quando foi a primeira vez que assisti Star Wars; provavelmente criança assistindo a um dos três filmes originais na TV. Mas certamente minha paixão pelo cinema se deve em muito à esta saga, que – sem desmerecer Star Trek, Harry Potter e demais franquias de sucesso absoluto – é a referência máxima da cultura pop mundial. Star Wars deixou de ser uma simples franquia de filmes de ficção científica para se tornar um universo, com filmes, revistas, livros, desenhos e venda de todos os produtos possíveis e imagináveis (se lançarem uma edição especial de algum sabonete ou detergente com o nome Star Wars próximo ao lançamento de um filme da saga, provavelmente se esgotará em alguns dias). Gostando ou não dos filmes, compreendendo ou não o porquê de toda essa euforia e alucinação dos fãs, é inegável a importância da obra idealizada por George Lucas.

10 anos se passaram desde o lançamento do último filme da franquia, “A vingança dos Sith”, o terceiro na cronologia da história. Particularmente, eu gostei deste filme (obviamente descartando alguns diálogos sofríveis), mas a nova trilogia nunca se aproximou da magia e empatia que a trilogia original causou nos fãs. Posso apontar alguns fatores, como falhas de roteiro, personagens sem graça ou irritantes (Jar Jar Binks, você é a prova de em qualquer lugar do mundo sempre teremos um chato para aguentar), e uso excessivo de computação gráfica e efeitos especiais.

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Parte da graça e do encanto da trilogia clássica estava no fato de que, por mais que hoje algumas fantasias e máscaras estejam sofrendo as consequências dos efeitos do tempo, da tecnologia e da alta definição, aquilo transmitia uma sensação de realidade, de algo humano. Uma essência que os novos personagens digitais, embora perfeitos tecnicamente, falharam um pouco. O fato é que a trilogia clássica fechou alguns buracos, nos trouxe algumas coisas boas, e completou o ciclo de vida do vilão mais amado do cinema Darth Vader. Mas Star Wars não é apenas um personagem. E, sem levar em consideração a qualidade e aceitação da nova trilogia , ficou faltando alguma coisa. E ontem, ao sair do cinema às 2:20h da madrugada, pude sentir novamente aquela sensação de que o universo de Star Wars novamente está vivo.

O diretor J. J. Abrams (responsável por revitalizar franquias como Missão Impossível e Star Trek) é um fã da trilogia clássica. E não quis apenas respeitar a essência dos primeiros filmes, devolver a “humanidade” aos habitantes dos planetas (locações reais, fantasias, pouco uso de computação gráfica, tudo “à moda antiga”) ou fazer um filme-homenagem, como também criar elementos novos que possuem importância relevante na trama. Trazer a trindade principal  (Mark “Luke” Hamill, Carrie “Léia” Fisher e Harrison “Han Solo” Ford) e os atores originais de volta aos mesmos personagens após 30 anos, juntamente com Chewbacca (Peter Mayhew), C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker), traz um mix de sensações de nostalgia e alegria. Como se estivesse vendo aqueles amigos que não encontrava desde sua infância. E, somando ao elenco de veteranos, trouxe novos atores determinados, empolgados e talentosos (e ainda dá um tapa na cara da sociedade preconceituosa ao dar o protagonismo  a uma mulher e um negro, e consequentemente marcar para sempre suas carreiras).

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Finn (John Boyega) é responsável pelos momentos de alívio cômico, sem ser um palhaço ou idiota. Muito pelo contrário, é o cara que inspira o sentimento de redenção, da mudança, de acreditar que você pode fazer o seu futuro ser diferente, mesmo que tudo conspire ao contrário. A jovem Rey (Daisy Ridley) é a real heroína, que assume firme e forte o posto de protagonista, alia talento, carisma, beleza e coragem. Não poderíamos ter uma protagonista que melhor trouxesse novamente o espírito da franquia e continuasse o legado de mulheres fortes que Léia estabeleceu. Rey É o despertar da força! E o BB-8? Bom, aonde compra um mesmo?

Não esqueceram do lado negro da força. É impossível termos um substituto para Darth Vader. Ele é mais do que um vilão, é um símbolo. Todos têm noção exata disso, incluindo os produtores e J. J. Abrams. Então vamos criar um novo vilão que se aproveite desse fato, mas que tenha suas próprias características e razões. Decisão acertada. Kylo Ren (Adam Driver) assume bem o seu espaço, um personagem interessante, conflituoso, que não fica apenas como um ser malvado caricato ou um mero psicopata.

Então, Star Wars “VII”, O Despertar da Força tem seus erros? Sim. Descobertas de planos sendo feitas muito facilmente, vitórias improváveis, coisas e situações que surgem ou são resolvidas do nada, frota pequena que consegue ganhar de uma gigantesca e por ai vai… Mas se você analisar bem, todos os filmes da saga tem seus erros. Tira o brilho e a competência do longa? De forma alguma. Contribui com a diversão. Podemos fazer check-in em todos os elementos clássicos: heróis, vilões, droids, planetas, naves, sabres de luz, guerra nas estrelas! A decisão tomada de não entregar a sinopse, os trailers não contarem nada da história e fazer os fãs irem assistir ao longa sem ter a menor noção do que iriam assistir foi a melhor possível. Tornou a experiência melhor ainda. O longa é recheado de surpresas, referências, emoções (fortes!). Posso dizer feliz e aliviado que conseguiram! Trouxeram de volta o respeito, a essência e a dignidade à franquia. Somado a isso, rejuvenesceram e deram novo fôlego à história e personagens. E ainda de brinde nos entregam um final que nos fará ficar em contagem regressiva até chegar o Episódio VIII (2017?).

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Para aguentar a ansiedade, caros amigos, que a Força esteja com vocês!

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