qui, 19 dezembro 2024

Crítica | Suzume

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Makoto Shinkai estourou no mainstream com seu filme Your Name(2016), se tornando uma marca prestigiada no nicho “otaku” e conquistando um público muito mais amplo do que se poderia imaginar. Suas narrativas que relacionam o romance ao fantástico se provaram eficientes até então em equilibrar leveza e drama de forma consistente, mas será que esse é o caso em seu novo lançamento?

      Suzume acompanha a jornada de uma garota, de mesmo nome, ainda uma estudante no ensino médio que vive com sua tia que a criou desde pequena. A protagonista se depara com a chegada de um belo e estranho jovem à sua cidade e este encontro vai desencadear a liberação de forças com o potencial para criar um desastre. 

      O filme vai aproveitar de uma ameaça sobrenatural para construir uma narrativa que tanto celebra o Japão e seus cenários de norte a sul, quanto lamenta pela decadência de um imaginário que se perde com as constantes interferências da natureza. É uma história que acaba  jogando com o sentimento de impermanência que desastres naturais trazem para a rotina japonesa enquanto apela para o sentimentalismo e elementos de comédia romântica como guias dessa narrativa.

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      Suzume é uma protagonista cativante, ela é apenas uma adolescente enérgica e um tanto frustrada com sua vida simples que acaba vendo no seu encontro com o jovem Souta uma oportunidade de encontrar propósito para além de sua rotina. A protagonista é recortada pelo filme como alguém que está constantemente relembrando um trauma de infância que carrega dentro de si mas que ao mesmo tempo esse distanciamento do tempo faz com que ele seja muito mal resolvido e o filme vai tentando encontrar nesse potencial dramático novas formas de fabular essas questões internas da personagem a partir de seus elementos fantásticos, e que funcionam muito bem nas viradas dramáticas que o filme propõe.

      A parte técnica do filme não pode ser deixada de lado, é uma produção vistosa e que consegue o feito de misturar técnicas de animação 2D e 3D de uma forma que evidencia os ambientes, trazendo o sentimento de sublime, quase uma melancolia diante da beleza opressora do mundo que pode agregar para a interpretação de que é uma história sobre relações, e essas relações sempre mediadas pelo seu espaço, um espaço que agrega memórias, que agrega sentimentos. 

      Suzume, no entanto, não chega a ser uma narrativa tocante no que diz respeito a seu aspecto romântico, o que acaba desestabilizando parte do investimento que o público pode ter com o terceiro ato da história mas a sua conclusão ainda carrega muita força ao retomar o conceitos propostos no começo do longa para trazer um senso de ciclo fechado em seu final, o que funciona perfeitamente.

      Em conclusão, o novo longa de Makoto Shinkai carrega seus aspectos fortes com um visual naturalista deslumbrante e uma leveza que permeia a trama, a segurando no lugar, mas não chega ser um dos pontos altos dentro de sua filmografia, se mantendo no simples e efetivo.

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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