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Início Críticas Crítica | Sweet Tooth (2ª temporada)

    Crítica | Sweet Tooth (2ª temporada)

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    Imagine várias crianças híbridas presas em uma cela de zoológico planejando sua fuga. Primeiro, eles precisam de um esquema para obter as chaves que os tirará daquela prisão. Que ferramentas eles têm à sua disposição? O chão é de terra, então é óbvio: a criança que é meio esquilo deve cavar até o lado de fora do cubículo que os prende. O garoto com juba de leão, a garota com nariz de porco e o carinha que tem rosto e tromba de elefante concordam que aquela é a melhor situação. O menino esquilo começa a mastigar o chão.

    Bem-vindos de volta ao mundo singular de Sweet Tooth, o drama da distopia pandêmica que toda a família pode assistir junta. Se você perdeu a primeira temporada, lá vem um breve resumo: o mundo foi devastado por um vírus que surgiu e se espalhou rapidamente no mesmo momento em que bebês começaram a nascer com características de animais. Na ausência de qualquer outra explicação, esses híbridos são vistos como vermes perigosos, rotineiramente encarcerados ou simplesmente mortos por humanos medrosos. A trama acompanha Gus (Christian Convery), um menino de 10 anos com orelhas, chifres e sentidos de um cervo que decide cruzar um Estados Unidos devastada – a princípio ele estava à procura de sua mãe, mas recentemente descobriu que tal pessoa não existe. Ele é um experimento científico, feito em laboratório, e pode ser a chave para a história dos híbridos e/ou a busca pela cura.

    A segunda temporada parece, em seus primeiros episódios, mais como uma série infantil em um cenário amaldiçoado, embora com muitos acenos maliciosos para os pais, com o intuito de manter os adultos interessados. A prisão significa que Gus se separou de Tommy “Big Man” Jepperd (Nonso Anozie), sua figura paterna adotiva e protetor físico. “Ele me diria para criar um par”, Gus diz à garota com nariz de porco enquanto pensa no que seu amigo diria se eles ainda estivessem juntos. Um par de quê, ela pergunta? “Não sei. Ele nunca disse”.

    Quando os adultos aparecem em cena, automaticamente somos lembrados de que Sweet Tooth é uma série para crianças mais velhas (14+): qualquer espectador mais jovem que Gus acharia a violência do mundo pós-Doente muito assustadora. Esses híbridos estão presos porque o excêntrico mercenário General Abbot (Neil Sandilands) quer usá-los para ajudá-lo a encontrar uma cura. É improvável que qualquer criança presa sendo arrastada pelos guardas volte. Não que o próprio Abbot faça a ciência do mal, já que outro de lado também está sendo mantido em cativeiro o especialista em doenças, Dr. Aditya Singh (Adeel Akhtar).

    A segunda temporada ganha uma sensação de maior importância ao reunir o que eram na primeira temporada, histórias díspares: Singh, anteriormente a estrela isolada de uma subtrama mantida interessante por ele ser interpretado de forma tão brilhante por Adeel Akhtar, agora conhece Gus, dando-lhes – e ao espectador– novas informações.

    Enquanto isso, Big Man, juntou-se a Aimee (Dania Ramirez), ex-gerente de um refúgio para híbridos que Abbot reformulou como uma prisão. A união deles, motivado pela perda e pela culpa não serão os únicos dramas pesados dos personagens. No momento em que essas dores são tecidas junto com a trama de Gus, tudo fica ainda mais intrigante. Da mesma maneira quando conhecemos Johnny (Marlon Williams), o ineficaz irmão mais novo de Abbot, o psicodrama que se desenvolve sobre irmãos contrastantes ligados por traumas apenas prova que essa série não é para crianças.

    O exílio temporário de Aimee e Big Man no mundo exterior comum os coloca em contato com multidões de pessoas que, para desgosto desnorteado de Aimee, parecem blasfemas sobre um vírus assassino que ainda está à solta. São nesses momentos que vemos uma inclinação para a realidade. Sweet Tooth é uma alegoria clara sobre as pessoas antivacinas, sobre pessoas cegas por um viés político totalmente radical e intolerante.

    O milagre que Sweet Tooth realiza é manter todos felizes. É um drama pós-apocalíptico brutal que explora com sucesso a inocência das crianças, mas também é uma série de fantasia baseada nas verdades mais duras sobre o que os adultos podem fazer em tempos difíceis para nunca cair na armadilha de fazer o espectador se sentir como se nada fosse real e nada realmente importasse. A segunda temporada se desenvolve habilmente para um confronto com várias recompensas corajosamente intransigentes, entregues de uma forma que seus espectadores mais jovens podem apreciar facilmente. Sweet Tooth sabe que crianças – com ou sem chifres, patas ou rabos – não devem ser subestimadas.

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