seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Taylor Swift: The Eras Tour

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Nessa sexta-feira (03/11) finalmente chegou aos cinemas brasileiros o tão aguardado filme concerto de uma das cantoras pop mais famosas da atualidade, Taylor Swift. A loirinha tem causado burburinho com seu show que acontecerá no Rio de Janeiro e em São Paulo na segunda metade deste mês e os ingressos se esgotaram em tempo recorde, deixando diversos fãs com um gosto amargo na boca por não conseguirem assistir ao evento que reúne músicas de todas as fases da carreira da cantora (ou quase todas, já que na setlist oficial não estão contempladas as músicas de seu primeiro álbum). Para essas pessoas, ter a chance de assistir esse “filme” no cinema é o mais perto que conseguiram chegar de vivenciar a experiência de The Eras Tour. E para tantas outras, o momento pode servir como uma palinha do que está por vir no show que irão assistir daqui a algumas semanas.

É claro que gostar ou não das músicas da cantora vai do gosto musical de cada um e esse não será propriamente o objeto dessa crítica. É claro que ter apreço pelas canções – ou ao menos conhece-las – é fundamental para quem quiser aproveitar ao máximo as quase três horas do espetáculo em tela. Nada obstante, ainda é possível destacar aspectos mais próprios da sétima arte como qualidade do som, fotografia e edição, ou seja, mesmo quem não é apaixonado pelas faixas tocadas, pode achar valor cinematográfico na obra.

Se tratando de uma das cantoras mais notórias dos dias de hoje, não chega a ser uma surpresa que os aspectos técnicos sejam tão louváveis. É inegável que o investimento nesse tipo de show é altíssimo, some-se isso ao fato de que Taylor Swift fiscaliza e coordena cada mínimo aspecto de suas superproduções e o resultado final não poderia ser diferente: um projeto perfeitamente refinado que oferece um espetáculo de audiovisual de encher os sentidos da plateia que vibra fervorosamente e tem respondido muito bem a tudo aquilo que o filme propõe.

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O show é filmado de diversos ângulos e enfatiza a grandeza do palco e do espetáculo em si, mesmo já tendo assistido a vários vídeos gravados por fãs que foram nas turnês americanas, eu fiquei estarrecida com a enormidade da estrutura montada. A câmera trabalha com precisão para engrandecer a figura de Taylor Swift, mas também para enfatizar o aparato em seu entorno. Se aproveitando do melhor que o cinema tem a oferecer, os closes são pouco utilizados, guardados apenas para os momentos em que precisamos nos aproximar da cantora, ao passo que os planos abertos aparecem o tempo todo para mostrar o tamanho colossal do estádio e como Taylor o comanda. A mensagem é clara, mesmo diante daquela imensidão, Swift é a protagonista, ela não se encolhe, pelo contrário, se destaca, ela é uma força da natureza, uma mulher magnânima. É bastante comum diretores de cinema endeusarem seus protagonistas através de uma combinação de planos e ângulos (e trilha sonora) bem escolhidos, a exemplo do que Spielberg faz com seu Indiana Jonas, e é exatamente essa a proposta desse filme.

O show em si vai muito além do que apenas alguém dançando e cantando em cima de um palco, Taylor construiu em sua volta, um verdadeiro aparato performático, há uma veia teatral que me recordou, em alguns momentos, da própria Broadway (principalmente durante a era evermore). Me parece óbvio que quem odeia as músicas não irá conseguir se divertir já que elas são sim o foco principal, no entanto, é possível aproveitar a obra mesmo sem ama-las.

As técnicas de cinema são tão bem empregadas que servem inclusive para criar ritmo, já que os momentos que eu mais me empolguei não foram necessariamente com as minhas músicas preferidas. O diretor, auxiliado por Taylor Swift, escolhe com precisão os momentos que quer destacar e enfatizar, criando diversos clímax ao longo do espetáculo e finalizando em uma nota tão alta quanto começa.    

Por fim, há que se louvar, ainda, a opção de não legendar as músicas (apenas os momentos em que Taylor conversa com a plateia) já que isso poderia ter sido uma distração desnecessária e não é preciso entender as letras para absorver o poder da proposta audiovisual apresentada.  

Presenciar o show ao vivo é, para maioria dos fãs, uma experiência imbatível. Nada obstante, há uma magia diferente em ver esse evento nas telonas, pois alguns dos detalhes, como as transições entre as eras e os complementos do telão podem ser melhor aproveitados nesse formato de transmissão, até porque no dia do show as atenções estarão mais voltadas para a cantora e, dependendo da posição do espectador, algumas coisas acabam escapando do campo de visão. Não digo que assistir nos cinemas seja nem melhor, nem pior, mas é certamente complementar.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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