
Terra Indomável é uma minissérie que em seis episódios, conta a história de um grande conflito do ano de 1857 envolvendo nativos americanos, pioneiros, soldados mórmons e o governo dos Estados Unidos.
O roteiro de Mark L. Smith (O Regresso) cria um faroeste que imita alguns clássicos do gênero como Rastros de Ódio, O Regresso e Por um Punhado de Dólares, inserindo diversos elementos vistos nele e mesclando com ideias próprias que levam a narrativa a um lugar comum. A filmagem das cenas e a fotografia são corretas, mas não transmitem nada, tornando a experiência monótona. Para tentar dar dinâmica a história, o roteiro divide a trama em vários núcleos, que se subdividem e colidem. Os dois principais são os focados numa família que deseja atravessar o estado e em um casal que sobreviveu a um massacre. Ambas narrativas tem seus altos e baixos, levando o espectador a uma experiência que empolga, mas nunca atinge o ápice.

A direção de Pete Berg (O Grande Herói) faz o básico do básico na filmagem das suas cenas, quando decide inovar cópia descaradamente a cena de ataque vista em O Regresso de Alfonso Cuarón (Gravidade). O que mostra a falta de comprometimento do diretor que tem muitas ideias, mas não sabe como dar vida a elas. Destaque fica pra cena de ataque noturno, que é repleta de tensão.
Betty Gilpin (A Caçada) e Preston Mota (Asteroid City) vivem a mãe e filho mais sortudos do universo, pois sem a ajuda do roteiro, eles estariam mortos nos cinco primeiros minutos da trama. Shea Whigham (O Abrigo) acaba vivendo o melhor personagem da série, o ator adiciona ao texto um cinismo que torna seu personagem alguém crível neste mundo. Outros destaques do elenco são: Shawnee Pourier (Stranger Things) e Taylor Kitsch (John Carter) que tem seus personagens com arcos interessantes, Pourier mesmo dando vida a uma personagem muda, é muito mais expressiva que outros personagens da trama.

Além da viagem apresentada, a produção insere perigos e violência para todos os gostos, mas eles surgem e a história acumula clichês, atrás de clichês nas suas resoluções. Quando resolve subverter o tido como previsível, as decisões criativas causam estranheza, em especial no arco focado no casal de sobreviventes. Questões referentes a geografia do local ou um contexto histórico poderiam ajudar, a entender melhor as idas e vindas que a trama apresenta para mostrar os diferentes núcleos, mas nada disso é feito.
Terra Indomável é um amontoado de histórias que seriam melhores aproveitadas num formato de antologias, onde cada uma delas teria seu espaço para ser desenvolvida e cativar (ou chocar) o espectador. No modo como é apresentado, a minissérie é uma viagem tortuosa, é isso não é dito como algo positivo.