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    Crítica | Terra Violenta

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    Antes de ganhar fama com a trilogia de terror X/Pearl/Maxxxine, Ti West já colecionava algumas pérolas do cinema de gênero em seu currículo, como The House of the Devil e The Innkeepers. Em 2016, o diretor se aventurou também pelo cinema western com Terra Violenta, que recentemente ressurgiu no top 10 mais assistidos da Netflix. Talvez um dos grandes méritos dos streamings seja abrir a possibilidade para que esses filmes esquecidos sejam redescobertos pelo grande público.

    Terra Violenta está longe de ser o suprassumo dofaroeste moderno, contudo é esperto o suficiente para subverter convenções do gênero, sem desprezar a sua essência. De forma semelhante com o que faz com o terror em X ­– só que sem tanta experiência e destreza – o diretor demonstra que conhece e tem carinho pelo gênero com o qual está trabalhando, encontra novas abordagens para seus antigos clichês, sem sentir-se superior a eles.

    A história gira em torno de um simples conto de vingança à la John Wick do faroeste, com direito ao cachorro e ao mocinho quieto, porém letal, com quem o público inevitavelmente simpatiza após ver seu animalzinho sendo ferido. Até os vilões parecem saídos dessa franquia de ação, já que o malfeitor de animais é o filho birrento e volátil de alguém ainda mais poderoso e mais perigoso.  

    No entanto, ao contrário da saga do baba yaga, o maior trunfo desse filme não está nas cenas de ação – que não chegam a ser ruins, todavia estão longe de serem tão excelentes quanto as de John Wick – mas sim na atmosfera de tensão que Ti West sabe criar, e isso se deve muito ao seu passado no terror. Mesmo em cenas que seja quase evidente qual será o resultado final, o diretor tem habilidade para deixar seu público inquieto, não necessariamente pelo que está acontecendo, mas pela forma com que ele filma esses acontecimentos.

    Outra escolha louvável é a de não esconder a violência gráfica, que obviamente não chega a ser tão forte quanto em seus slashers, mas é suficientemente bem explorada dentro da proposta de faroeste, para que o filme não fique com aquele ar higienizado de alguns filmes modernos que buscam a qualquer custo uma classificação indicativa menos restritiva, sacrificando cenas de violência. Terra Violenta tinha tudo para ser mais um genérico nas mãos erradas, mas Ti West consegue, com a ajuda de um elenco muito comprometido e afiado, transforma-lo em algo valioso, graças a sua habilidade de mesclar no faroeste elementos de terror e humor que lhe são tão característicos – o que possivelmente pode desagradas os fãs mais puristas do gênero – e criar situações de suspense verdadeiramente angustiantes.

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