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    Crítica | Terrifier 3

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    Essa crítica lida com expectativas. E não me refiro às minhas próprias unicamente, mas àquelas que lidamos quando entramos na sala de cinema. Quantas vezes pensamos que estamos prontos para assistir a um filme que vai mexer conosco e ele não provoca nenhuma reação a não ser a apatia? Ou, e esses são os melhores, quando estamos apenas assistindo de forma rotineira quando algo nos toma de assalto e não conseguimos pensar em outra coisa nos dias que se passam após a sessão? Manejar essas expectativas passa por um processo de aceitação e recusa que se torna constante a cada novo filme assistido.

    Quando se trata de uma sequência, as coisas não são tão simples – basta ver Coringa: Delírio a Dois – mas existem fórmulas que podem ser seguidas a fim de garantir, no mínimo, divertimento. Terrifier 3 arquiteta sua nova empreitada algum tempo depois de Sienna (Lauren LaVera) e seu irmão Jonathan (Elliott Fullam) sobreviverem ao massacre de Halloween do Palhaço Art (David Howard Thornton. Eles tentam reconstruir suas vidas despedaçadas, contudo, justo quando pensam que estão seguros, Art retorna, determinado a transformar sua alegria natalina em um pesadelo.

    Partindo das mesmas estratégias dos longas anteriores – tanto dentro do filme, quanto fora dele, com as notícias de desmaios nas sessões – o filme sabe exatamente o que deseja provocar: entretenimento e repulsa em uma mesma chave. Ora, se o prólogo provoca um massacre para logo depois Art ser visto lavando pratos na cozinha, é claro que o filme – como já estabelecido desde a primeira incursão – não se leva a sério. Logo, não faltam referências a filmes clássicos do slasher e do gore, assim como dobra a aposta em todas as sequências de assassinato.

    Se em um primeiro instante o manejo de hidrogênio líquido com ratos sugere algo, fica óbvio para o espectador que quando aquilo for usado novamente será tão brutal quanto. Logo, o filme de Damien Leone não se contenta com uma nova forma de matar; ele estica as cenas o máximo possível, provocando um certo distanciamento ao mesmo tempo que a repulsa quase cômica também surge. Nesse ponto, já esperado pelo público do filme, o longa se sai bem, com certa competência, ainda que para alguns estômagos a última meia-hora possa ser uma provação.

    Contudo, ao mesmo tempo que o massacre acontece sem qualquer desejo além de levar à tela um exercício de gênero sanguinário, a relação de Sienna com os outros personagens parece uma tentativa do filme de trabalhar o trauma. É claro que, em um filme como tal e com certo apresso pela imagem da violência, lidar com essa questão parece ser algo interessante, mas fica evidente que tudo aquilo serve apenas como uma base para a crueldade de Art.

    Com uma duração que parece inchada, Terrifier 3 sabe trabalhar bem com as expectativas criadas em torno dele. Em outros termos, se o espectador que lê esse texto gosta dos outros dois, obviamente vai gostar tanto ou ainda mais desse, pela corda esticada ao máximo na violência; se, por acaso, o querido leitor não gosta, então pode passar para um próximo filme. E quanto a mim? Bem, meu apreço se dá exclusivamente em torno de Art, por achá-lo um personagem interessante demais. Quanto as minhas expectativas? Foram sanadas. É um filme para sua audiência.

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