seg, 18 março 2024

Crítica | That ‘90s Show (1ª Temporada)

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Seguindo o padrão de revivals, reboots e remakes que estão marcando essa geração da Cultura Pop, a novidade da vez é That ‘90s Show, um revival/sequência da icônica sitcom That ‘70s Show. Na nova versão, somos transportados de volta à Point Place quase 20 anos depois do fim da série original, Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith retornam nos seus papéis de Red e Kitty Forman. 

Uma coisa que ‘90s Show entende bem é a fórmula que fez seu antecessor se tornar tão amado, o humor bobo mas com piscadelas mais ácidas para o público é mantido no revival. A série puxa tropes que se tornaram icônicas para o original, como a câmera giratória em volta da mesa e o apelo a expressões faciais e reações absurdas dos personagens. Com esse caminho, ‘90s encanta e emociona o espectador.

O piloto é sem dúvidas alguma, e infelizmente, o melhor episódio, a sensação de rever o cast original enquanto conhecemos os novos adolescentes que irão liderar a sitcom segue um ritmo natural enquanto passamos entre os núcleos de cada um. O maior trunfo deste episódio é a participação de Topher Grace e Laura Prepon retornando como Eric e Donna, a interação dos dois com Red e Kitty mostra bastante o conforto e nostalgia do cast original retornando a um papel tão marcante. 

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O piloto nos deixa confortáveis com Eric e Donna se tornando personagens secundários, passando o bastão para sua filha Leia (uma escolha de nome hilária, por sinal), e os novos adolescentes de Point View. A filha dos Forman é vivida por ​Callie Haverda, que consegue entregar um timing cômico que acompanha o elenco mais experiente, mas também adiciona profundidade nas suas inseguranças e desejos.

Infelizmente o tamanho conforto e naturalidade presente no piloto também é o responsável por uma frustração constante na série. A ideia de termos o elenco original como um núcleo secundário encaixou perfeitamente no ritmo do revival, poderíamos acompanhar os novos dramas de Eric e Donna com a vida adulta enquanto, nos holofotes, também teríamos as piadas adolescentes com uma energia mais boba. Porém, Grace tem sua participação apenas no piloto, e Prepon em outros dois episódios ao longo da temporada. Outros personagens tem participações pequenas ao longo da temporada que dão um certo sabor de nostalgia, mas nunca passa disso, nostalgia.

Então o pouco que sobrou do elenco original se volta para Jo Rupp e Smith que continuam com um timing cômico extremamente afiado mesmo depois de anos longe dos personagens Red e Kitty. As tramas que o casal participa são de longe as mais engajantes e divertidas de acompanhar. Do outro lado, temos o núcleo adolescente com o novo elenco, que não conseguem manter o ritmo natural e afiado do original.

Talvez a natureza despretensiosa da série seja reflexo da própria produção que não soube nem sequer exigir o mínimo do elenco mais jovem. O texto, como apontado no início, continua tendo a mesma energia e qualidade de ‘70s show, mas em pouco tempo fica muito claro o déficit na performance dos novos personagens. À parte de Haverda, o novo elenco não consegue ter o mesmo carisma e charme dos primeiros adolescentes a frequentarem o porão dos Forman. 

Os momentos em que esse problema fica mais claro são nas interações dos jovens com os mais velhos, um exemplo é uma cena em especial em que um dos jovens conta para Kitty que é gay. Jo Rupp entrega uma atuação emocionante em se sentir honrada de poder apoiar e ser confiada com tamanha revelação, mas quando a câmera se volta para o jovem, toda a emoção se esvai pela clara falta de expressão do ator. 

A falta de carisma do núcleo jovem talvez pudesse ser resolvido se a série tivesse mais tempo, a escolha da primeira temporada contar apenas 10 episódios serviu apenas para atrapalhar o ritmo da mesma. A pequena quantidade de tempo torna a série limitada no seu desenvolvimento. Sitcoms, em sua essência, funcionam num slowburn, um ritmo lento e longo que não nos conquistam já no primeiro episódio e sim focam em nos conectar com cada um dos personagens ao longo de mais episódios. Infelizmente ‘90s Show não tem tempo o suficiente para isso.

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No fim, That ‘90s Show é uma série charmosa, que consegue manter a essência e charme do seu antecessor com a mesma energia boba e afiada. As participações do elenco original e suas interações são um dos maiores trunfos da série, mas se dado o tempo necessário, o novo grupo do porão dos Forman pode se tornar tão icônico quanto o original. 

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