Uma das maiores “duplas” da história do cinema, Robert De Niro e qualquer personagem em um filme de máfia, está de volta! Sendo um dos primeiros projetos a ser aprovado após a chegada de David Zaslav como presidente e CEO da Warner Bros, ‘The Alto Knights: Máfia e Poder’, o projeto era bastante aguardado pelos nomes envolvidos. Além do lendário ator como protagonista, quem dirige é Barry Levinson, conhecido principalmente por filmes como ‘Rain Man’ (1988) e ‘Bom Dia, Vietnã’ (1987), com o auge da sua carreira sendo no final dos anos 80 e década de 1990. Levinson já trabalhou com De Niro em outros filmes, como ‘The Wizard of Lies’ (2017), ‘Sleepers – A Vingança Adormecida’ (1996), ‘Wag the Dog’ (1997) e ‘Fora de Controle’ (2008). Além disso, o filme é produzido por figuras conhecidas em Hollywood como Irwin Winkler.
Após um atentado fracassado contra a vida de Frank Costello (interpretado por Robert De Niro), Frank e Vito Genovese (também interpretado por Robert De Niro), dois dos principais chefes da máfia ítalo-americana dos anos 1950 passam de antigos amigos de infância para rivais graças a suas diferenças de temperamento e visão sobre os negócios.

Não é nada incomum um filme, ainda mais se for de um subgênero em específico, utilizar de mesmos artifícios de linguagem para contar uma história. Um filme de terror atual, por exemplo, pode muito bem utilizar métodos da linguagem de um terror clássico, seja algum elemento da trilha, do roteiro ou a linearidade de uma narrativa passada. Não é surpresa, portanto, um filme como ‘The Alto Knights: Máfia e Poder’ utilizar de meios tradicionais dos filmes de máfia/gangsters para compor sua narrativa, usando elementos clássicos dos filmes do estilo da década de 1930 ou dos mais recentes do Martin Scorsese. A questão maior, no entanto, é sempre em como esses métodos serão trabalhados em sua história, pois não adianta apenas, por exemplo, o diretor abusar da narração em seu filme apenas porque viu em outra obra e gostou. Como isso se encaixa na história e, mais importante, como faz sentido dentro da misè-en-scene da obra? Ainda que assistir Robert De Niro interpretando algum chefão da máfia seja sempre um espetáculo, Barry Levinson não consegue implantar sua visão da história, deixando muito a desejar na construção das tensões e na utilização dos personagens. O filme faz um investimento bem simples: Robert De Niro na tela e o máximo de recursos possíveis já conhecidos entre os filmes de máfia. Flashbacks, narração, questão da imigração, a importância na história dada as esposas dos chefões, etc. A grande questão é que nenhum desses elementos cria propriamente algum laço forte na estrutura do filme, não deixando o espectador instigado com a história. Esse desinteresse, inclusive, é muito impulsionado pela decupagem e fotografia que não seguem qualquer ideia estilística para o filme, causando uma confusão na sequência das cenas.
Desde o estabelecimento da vida de Frank Costello, os principais momentos acabam sendo justamente quando há uma tensão bem construída através do uso das relações dos personagens e de seus segredos dentro da história. A sequência de perguntas feitas a Frank no congresso ou a cena da emboscada aos chefões da máfia nos Estados Unidos funcionam bem exatamente por criarem um ambiente de suspense utilizando o melhor de seus personagens, equilibrando a montagem entre ação e reação e aproveitando a trilha sonora. Além, claro, de contar com a excelente atuação de De Niro. Porém, esses momentos acabam sendo apenas partes boas isoladas, pois essa sinergia entre os personagens e a ação desenvolvida na narrativa nunca se estabelece de fato, infelizmente.
Tentando fazer uma obra que “une” todos os elementos já conhecidos de filmes de máfia, ‘The Alto Knights: Máfia e Poder’ não consegue aproveitar o potencial de uma lenda do cinema e criar uma história cativante ao redor, ainda que a obra possua alguns lampejos de momentos que interessam.