The Boys in the Band, estreou na Netflix, trazendo um elenco célebre: Jim Parsons (The Big Bang Theory), Zachary Quinto (Star Trek Beyond), Matt Bomer (The Sinner). O que todos eles tem em comum? Todos são talentosos e abertamente gays. Infelizmente um fato como esse, em 2020, ainda é algo surpreendente. Mas surpreendente mesmo é se o novo longa de Joe Mantello (The Normal Heart) não seja indicado em pelo menos uma categoria ao Globo de Ouro/Oscar em 2021. A obra é filme vibrante, ácida e acima de tudo atual, pois dá voz a uma minoria que tem muito a dizer.
The Boys In The Band é a adaptação da peça homônima de Joe Mantello. Um grupo de amigos gays se reúne para a comemoração do aniversário de um deles, e tudo vai bem até que um colega de quarto do anfitrião aparece sem ser convidado. A cena de abertura já é um deleite visual, apresentando ao espectador os protagonistas da trama, que se passa em 80% dentro de um único cenário: o apartamento do anfitrião. Isso faz o longa ter uma estética visual, quase teatral. Mantello ao optar por essa estética, investe em grandes performances para compensar o cenário simples. Porém, como a trama possui muitos personagens, o longa se perde um pouco deixando alguns deles sem um desenvolvimento satisfatório. Tudo no primeiro ato é construído com esmero, para depois ser desconstruído no segundo, assim como as amizades que vão se esfacelando com as mentiras e ressentimentos que vem a tona. O texto da dupla Mart Crowley e Ned Martel é fascinante e mostra como as relações humanas são frágeis. A montagem e o ângulos usados pelo diretor são criativos e casam perfeitamente com a leveza da maior parte do filme. Mas nem tudo são flores nesta trama.
A duração do longa é um pouco exagerada, talvez 20 minutos a menos fossem o ideal. A chegada do personagem feito por Zachary Quinto também não casa muito bem com o momento no qual ele é inserido na trama e destoa do enredo, além da sua atuação que entre todos é a mais sem profundidade. Os destaques no quesito atuação são: Robin de Jesús (Camp) que é extremamente carismático e Jim Parsons que merece ao menos uma indicação a algum prêmio por sua atuação fenomenal! O ator se afasta dos trejeitos de Sheldon e rouba as cenas na qual participa.
Muito mais leve que o original, The Boys in the Band é uma obra espirituosa que traz reflexões interessantes sobre o início do movimento LGBT, que ainda são importantes em pleno 2020 (o longa se passa em 1968). Um filme que é necessário ser visto por heterossexuais, gays, lésbicas… Por todos, para que se entenda que amor e respeito pelo próximo não é crime.