dom, 5 maio 2024

Crítica | The Continental

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A saga de filmes de John Wick conquistou muitos fãs ao longo de muitos anos, um grande aspecto que chama a atenção dos fãs da franquia é a ótima coreografia de ação misturando gun fu com cenas mirabolantes. Entretanto, existe um elemento, um pouco subestimado, que é uma peça chave para os filmes terem tantos fãs, o Hotel Continental.

Debaixo de todas cenas de ação e perseguições extremas, o universo da franquia contém um submundo do crime, os assassinos do continental exalam elegância e profissionalismo ao debaterem sobre seus atos de violência. A Alta Cúpula então se torna uma mistura singular de culto religioso com um negócio capitalista da morte. Com tanta profundidade, a existência para um spin-off baseado nesse mundo se torna quase inevitável, e assim nasce a série The Continental.

Mesmo sendo baseada no universo e no mundo de John Wick, Continental vai para o oposto da elegância e neonoir dos filmes e aposta na Nova York gangster dos anos 70, trocando o neon por ruas sujas de lixo. A escolha no início estranha o espectador mas com o desenrolar da trama faz total sentido pensar em como a Alta Cúpula evoluiu através do anos, sempre estando presente nos modelos criminosos de cada década.

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Além da mudança de tom, a obra também apresenta um ponto que é no mínimo interessante, os protagonistas e coadjuvantes de maior destaque são pessoas de fora do círculo da organização de assassinos. Um ponto de vista nunca realizado antes nos filmes e que apresenta um pouco de ar fresco em mostrar para o espectador a relação de civis e policiais com a Alta Cúpula. 

E com isso entramos no tema principal da série, uma questão já pincelada levemente nos filmes e que aqui aflora com muito mais força, o protagonista de The Continental é Winston Scott antes de se tornar o poderoso gerente do hotel. A jornada do protagonista evoca um paralelo social entre Nova York e a Alta Cúpula, tanto em John Wick quanto em The Continental, a cidade tem um função de entidade ideológica para os protagonistas, Nova York representa as dificuldades e desafios de uma classe social inferior aos mais privilegiados que frequentam o hotel.

Winston nasce dessa classe inferior, sua jornada ao longo da série é parar com suas tentativas de negar sua origem e entender como não ser uma pessoa nascida do privilégio o torna alguém muito mais poderoso do que ele espera. Assim o hotel e a Alta Cúpula cumprem uma posição antagônica à essa ideologia de esforço e superação da classe pobre da cidade, onde o único caminho de vitória é o embate entre essas forças no fim da série.

No entanto, mesmo com temas que aprofundem a narrativa, o universo fora do mundo do Continental carece de inspiração, criando uma narrativa que se abraça em batidas rasas e que não conseguem acompanhar o ritmo das mensagens que a obra tenta passar. Ao longo do segundo episódio a narrativa segue o grupo principal juntando forças para o grande ataque ao Hotel, porém não se deixa muito claro a motivação deles em dedicar suas vidas à uma causa que apenas o protagonista tem um vínculo emocional, a série então mostra uma extrema falta de foco em se dedicar a estes personagens que a produção quer que quem esteja assistindo se importe.

No fim, The Continental traz uma visão interessante em mostrar aqueles que eram de fora da Alta Cúpula, criando uma paralelo social entre as gangues e assassinos, mas nunca consegue desenvolver suas ideias e se volta a batidas conhecidas de filmes de ação, demonstrando não saber qual o ponto principal de sua narrativa. 

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