qua, 1 maio 2024

Crítica | The Flash

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Entre mudanças repetidas de curso, projetos criados, reformulados e cancelados, finalmente um filme do velocista escarlate ganha vida. The Flash, filme que segue ainda os eventos do DCEU após altos e baixos, surge como potencial salvador da pátria ao promover conceitualmente uma desconexão com o cânone criado até então no DCEU, mas de certa forma também o celebrando.

DC

O filme acompanha Barry Allen em sua rotina dividida entre a ciência forense e a vida super-heroica até descobrir a possibilidade de seus poderes causarem sérias alterações na linha do tempo. Uma vez que a descoberta é feita, Barry vai ter que lidar com um novo mundo diferente do qual conheceu, com novos aliados e desafios na tentativa de evitar perder o que para ele parece ser o mais importante.

Falando em questão de estrutura, é um filme que dá menos voltas do que pode sugerir. Os dilemas de Barry são claros e o foco do filme no personagem se mantém o tempo todo, apesar das figurações de luxo. Toda a relação familiar do protagonista é convincente e (para além de polêmicas externas), Ezra Miller parece ter encontrado aqui um tom melhor equilibrado para o personagem. O filme vai focar principalmente na dinâmica entre as duas versões alternativas do Barry em uma espécie de inversão de papéis para o arquétipo que vinha sendo desenvolvido para o personagem até então. O Flash que, apesar de muito poderoso, ainda era o “membro jovem” da liga da justiça, aquele que mais transparecia um ar de inexperiência, agora vai se ver numa posição de mentoria ao lidar com uma versão mais jovem de si mesmo, tendo que lidar com uma espécie de paródia de si.

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DC

O contraste entre o protagonista e sua versão alternativa funcionam quase como metacomentário sobre a caracterização do personagem até então ao colocar Barry em choque com uma versão ainda mais espertinha, dispersa e intensa de si mesmo. Esse aspecto do filme funciona bem, existe um valor nessa reflexão sobre a própria juventude e sobre os acontecimentos que nos formam como indivíduos que é interessante e que inclusive talvez merecesse melhor destaque e aprofundamento. São nos momentos dramáticos e no desespero do protagonista por apagar os próprios traumas que o filme tem suas melhores passagens.

Entre os outros personagens, talvez o que tenha mais para fazer seja o Batman de Michael Keaton. O retorno do ator para o manto do morcego 31 anos após seu último filme no papel causou empolgação generalizada entre os fãs desta encarnação e essas pessoas podem ficar satisfeitas com o que é apresentado nesse filme. Apesar de mais velho, esse Batman consegue se manter honesto ao que foi apresentado por Tim Burton décadas atrás. O contraste que existe na caracterização de Affleck e Keaton como versões diferentes de Batman é claro no filme, seja pela tecnologia usada, forma de se mover, humor, é possível ver que houve um interesse realizar uma celebração às diferentes iterações deste e de outros personagens no filme.

The Flash, no entanto, sofre com um problema sério de inconsistência visual. O filme em suas cenas mais grandiosas assume uma estética emborrachada e pouco convincente, apesar de uma filmagem dinâmica que talvez funcionasse bem com um tratamento visual melhor. Algumas cenas centrais para a trama ocorrem dentro de cenários carregados de efeitos visuais e acabam caindo no vale da estranheza e atrapalhando a condução da história. A presença dos dois Flashes funciona bem na maioria do filme, mas existem momentos pontuais de inconsistência que evidenciam o tratamento digital no rosto do ator, o que pode tirar algumas pessoas do longa. E para um filme focado num personagem conhecido pela velocidade, a falta de impacto dessa velocidade em diferentes tempos parece tirar um pouco da intensidade que o Flash poderia causar em tela. São momentos muito pontuais em que sentimos a potência desse personagem, tanto em possibilidade de ação, quanto da utilização do seu lado heroico para evidenciar seus dilemas.

The Flash, é um filme direto em suas intenções e que possui uma base emocional sólida mas que tem problemas de execução. O filme pode sim ser responsável por permitir uma renovação dentro da DC mas não consegue trazer algo de muito novo dentro de si mesmo, apesar de boas intenções.

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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