seg, 2 junho 2025

Crítica | The Last of Us 2ª temporada

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Se a primeira temporada de The Last of Us nos fez atravessar os Estados Unidos numa jornada emocional devastadora, a segunda decide ficar. E observar. Depois de toda a carnificina, da violência justificada pelo afeto, do amor que se tornou desculpa para matar, o que resta? Resta o silêncio. A culpa. E Ellie, mais velha, mais dura e mais confusa do que nunca. O mundo acabou, mas a adolescência não, e é isso que faz tudo ficar ainda mais difícil.

Agora em Jackson, uma comunidade murada que tenta emular alguma normalidade num mundo onde normal não existe mais, Ellie vive uma existência meio suspensa, entre a tentativa de seguir em frente e a sombra do que perdeu. Joel está presente, mas já não ocupa o centro da história, e talvez nem o centro da vida dela. A ausência emocional dos dois é tão potente quanto a presença física: convivem, mas não se encontram. Conversam, mas não se entendem. A dor do que aconteceu entre eles, e principalmente do que foi feito por amor, ainda está ali, mesmo quando não se fala disso.

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A série, co-criada por Craig Mazin e Neil Druckmann, continua exibindo sua força em detalhes. Não são os monstros que assustam, embora eles ainda estejam por aí, entre raízes pulsantes e fungos que brotam do chão como um lembrete de que a natureza venceu. O que realmente aperta o peito é ver Ellie tentando existir. Tentando encontrar um lugar no mundo quando o mundo, na verdade, já não existe. Bella Ramsey entrega uma performance que é pura tensão: Ellie está sempre prestes a explodir ou a desabar, e a gente nunca sabe qual dos dois vai vir primeiro. Sua raiva, sua fragilidade, sua necessidade desesperada de controle, tudo pulsa em cena. Não tem como desviar o olhar.

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Essa segunda temporada também aposta mais fundo nos vínculos humanos. Ellie e Dina (Isabela Merced, uma adição luminosa ao elenco) formam uma dupla que transborda cumplicidade, mas também traz aquela tensão adolescente de quem está aprendendo a amar e a desejar num mundo que não permite erro. Dina representa algo que Ellie quase esqueceu como era: leveza. Mas a leveza, nesse universo, sempre parece ameaçada. Sempre prestes a ser arrancada.

A estrutura da temporada é menos expansiva que a da anterior. Não há episódios isolados como aquele de Bill e Frank, que virou símbolo da sensibilidade da série. Aqui, tudo se mantém focado. A narrativa mergulha fundo em Ellie, em seus traumas, em sua trajetória de autodestruição travestida de missão. Ela quer justiça. Quer vingança. Quer sentido. E, no processo, vai se perdendo de si mesma e da gente. Há momentos em que sua teimosia beira o insuportável. A cada decisão impulsiva, a cada escolha destrutiva, fica mais claro: não estamos mais acompanhando uma heroína. Estamos vendo uma jovem em espiral. E isso é doloroso. E fascinante.

Mesmo nos momentos mais silenciosos, a direção sabe exatamente o que fazer. A fotografia continua deslumbrante: paisagens geladas, cidades em ruínas, interiores iluminados por velas e memórias. Cada frame tem peso, como se o mundo inteiro estivesse prestes a ruir a qualquer instante. E, claro, está. Porque The Last of Us não nos deixa esquecer: nada é seguro. Nada é permanente. Nem mesmo as pessoas que a gente ama.

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Pedro Pascal, ainda que mais coadjuvante, entrega um Joel marcado pela culpa, tentando ser pai mesmo quando sabe que não pode mais consertar nada. Suas cenas têm o peso de quem já desistiu, mas continua tentando. Por teimosia. Ou amor. Ou talvez por não saber fazer outra coisa.

No fim, o que essa temporada nos dá não é redenção. É realidade. Ellie não aprende uma grande lição. Ela não se transforma numa versão melhor de si mesma. Ela sobrevive, e isso, aqui, já é muito. The Last of Us continua sendo uma das narrativas mais corajosas da TV porque não tem medo de admitir que amar alguém, às vezes, não é suficiente para salvá-lo. E que crescer, de verdade, é aceitar isso.

Todos os episódios da segunda temporada de The Last of Us já estão disponíveis na HBO Max, prontos para maratonar (ou revisitar com o coração na mão). Se ainda não assistiu, se prepare — e se já viu, talvez valha rever com outros olhos agora que o peso completo da história caiu sobre a gente.

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