dom, 17 novembro 2024

Crítica | The Last of Us (Episódios 1-4)

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Até onde uma adaptação de uma história preexistente pode levar crédito por sua qualidade? A sensibilidade dos temas é algo que pode se parabenizar ou é só algo copiado do material original? Esses são os pensamentos presentes quando se viu o barulho que surgiu nas redes sociais quando The Last of Us, série da HBO que adapta o icônico jogo de mesmo nome, estreou. Os comentários de várias pessoas quando se elogiava a série eram seguidos de uma comparação entre as cenas do jogo e da série, tal comparação acaba sendo um pouco incômoda, faz parecer que o único mérito da produção foi dar um Ctrl-c e Ctrl-v nos enquadramentos e diálogos do jogo. 

Felizmente esses comentários passam longe de demonstrar a verdadeira beleza da série, desde sua primeira cena no piloto, a obra guiada por Craig Mazin já apresenta eficácia em traduzir os conceitos e premissas do original para uma linguagem televisiva e audiovisual. Mazin opta por trazer uma profundidade mais sensível e menos nefasto na sua adaptação, amenizando alguns dos acontecimentos mais trágicos e chocantes mas nunca perdendo o peso emocional e temático que os mesmos trazem. 

As relações humanas em frente a um mundo pós-apocalíptico não é uma temática incomum na Cultura Pop, em The Last of Us acompanhamos pessoas que já tem como o fim do mundo sua realidade e o comportamento de cada uma com esta. É uma visão bastante cinza e imparcial sobre que personagem está certo, torcemos por Joel e Ellie porém só fazemos isso pela série nos dar uma visão mais íntima dos dois, porém a situação poderia ser a mesma com qualquer outro grupo de personagens. 

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Nesse pensamento, a primeira metade da temporada de The Last of Us busca nos situar no mundo da série, temos uma visão de exploração pelos olhos de Ellie mas também temos visões de diferentes personagens ao redor dos protagonistas. Desde grupos rebeldes até milícias que buscam interesses próprios.

A perspectiva mais marcante sem dúvidas é no terceiro episódio, quando acompanhamos a vida de Bill e Frank. Possivelmente um dos episódios mais lindos e sensíveis da história da televisão, a série mostra seu potencial dramático nos apresentando a um casal que em meio ao caos e a morte, conseguiu achar espaço para o amor. Bill e Frank foram uma adição chave para a série conquistar o coração dos mais céticos em relação a adaptação. 

Uma conclusão que fica clara nesses 4 episódios é como eles são uma jornada para Joel começar a reencontrar o seu propósito, no quarto capítulo podemos ver ele cada vez mais apegado a Ellie e conseguindo ver nela um motivo para seguir em frente novamente, um propósito que talvez o faça cometer atos que trarão graves consequências.

The Last of Us é sem dúvida um dos maiores acontecimentos da televisão no ano, os cenários dramáticos e tensos apresentados na série conseguem conquistar o espectador que nunca tinha conhecido esses personagens antes. Respondendo a pergunta deste texto, a obra vai além de copiar o material original e busca nos entregar uma contemplação sensível de um mundo pós-apocalíptico, onde entre os últimos de nós existe espaço para florescer o amor, mas também violência e morte.

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