dom, 22 dezembro 2024

Crítica | The Last of Us (Episódios 5-9)

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Na última análise feita dos quatro primeiros episódios de The Last of Us, levantou-se uma indagação sobre o mérito da série na sua existência como adaptação. A conclusão foi que a obra ia além de copiar o material original e busca nos entregar uma contemplação mais profunda e sutil do mundo pós-apocalíptico visto nos jogos. Essa afirmação continua correta referente aos últimos episódios, do 5 ao 9, porém esta segunda metade da ano 1 da série apresenta mais tropeços do que a primeira.

A partir do episódio 5, intitulado “Resistir e Sobreviver”, é possível notar uma evolução cada vez maior na relação de Ellie e Joel. Seguindo ainda o caminho traçado pelas semanas anteriores, a narrativa busca traçar paralelos entre a dupla principal e os coadjuvantes do episódio em questão. Henry e Sam são uma versão não violenta do que Joel e Ellie estão a se tornar, o que torna tudo mais trágico na conclusão da história dos dois em que, os únicos atos de violência direta de Henry são contra o seu irmão e contra si mesmo. 

Caminhando de mãos dadas ao desenvolvimento da relação dos protagonistas, também está presente um trabalho especial para cada um dos dois. É difícil não empatizar com o Joel da HBO, as comparações com a sua contraparte do game acabam se tornando inevitáveis e talvez necessárias para a argumentação feita aqui. No jogo de 2013, Joel é muito mais seguindo um porte de “Bad-ass”, violenta e fria que acaba se apegando a Ellie de maneira que pode se debater a ser doentia.

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Pedro Pascal entrega uma abordagem diferente, uma versão mais sutil e profunda do Joel que foge da simplificação (que não é necessariamente uma característica negativa) do videogame. Na versão da HBO, Joel enfrenta uma insegurança extrema em se sentir incapaz de proteger Ellie, parte como resposta ao trauma de ter perdido sua filha Sarah mas também por já não estar tão jovial e rápido como antes. 

Em relação a Ellie, sua caracterização não se diverge tanto da contraparte digital como Joel faz, porém nunca é demais ressaltar como Bella Ramsey brilha no papel da garota. A jovem consegue ter um alcance absurdo, entregando cenas mais reconfortantes e de aquecer nosso coração como as de Ellie sendo uma garotinha apaixonada por sua amiga Riley, interpretada brilhantemente por Storm Reid (chega a ser irônico como em um episódio Reid teve mais diálogos que em seu papel em Euphoria inteiro). Mas também é visível a fúria e o ódio nos olhos de Ramsey, que incessantemente busca por um propósito após perder todas as pessoas que já se importou, exceto Joel, como a mesma diz. 

Essas pequenas divergências mencionadas anteriormente na trama foram completamente necessárias para uma tradução de mídia ao longo da série. As narrativas de televisão são compostas de maneira diferente de uma narrativa mais imersiva como um videogame. Então as mudanças, mesmo que sutis, para criar uma construção mais natural são mais do que bem vindas. 

Infelizmente, essa sutileza se encontrou em falta na Season Finale da temporada. Os questionáveis 46 minutos de duração do episódio não foram o suficiente para concluir a história da maneira que ela merecia ser concluída. Novamente, é entendido que esses acontecimentos foram iguais ao jogo e que as cenas só estão seguindo o que o jogo fez, porém como dito acima, são mídias diferentes. A decisão final de Joel acabou não gerando a tensão que ela significava para a trama, muito pareceu que a sutileza presente nos últimos 8 episódios foi deixada de lado para entregar uma cópia em live-action dos acontecimentos do game sem querer adicionar nada relevante para naturalizar a narrativa. 

No fim, The Last of Us se conclui tropeçando na sua Season Finale, felizmente isso não é significado de que toda a jornada da temporada tenha sido em vão e sim um simples “podia ser melhor”. O gosto deixado no fim foi o de pressa para acabar em uma série que tinha tudo menos pressa na sua narrativa, uma série que tirou dois episódios para contar duas histórias de amor paralelas à trama principal mas que só enriqueceram a história. O que resta no fim é a esperança que essa pressa não se repita nas já confirmadas próximas temporadas.

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