qua, 18 dezembro 2024

Crítica | Thor: Amor e Trovão

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O personagem Thor passou por diversas etapas no MCU, inicialmente concebido com dois filmes mais “sombrios”, ligados por meio de uma interpretação mais dura do ator. Seus filmes solos iniciais são lembrados pela fraquíssima história, e por um enorme afastamento do público com sua jornada. Apesar de suas boas participações em Vingadores, a Marvel sempre teve dificuldade em acertar seu tom, isso até a chegada de Taika Waititi. Com sua recente filmografia, caracterizada pela mistura da comédia e o drama, o diretor soube aproveitar o lado carismático e engraçado do ator Chris Hemsworth, e em Thor Ragnarok surgiu uma nova vida para o super herói. Agora, em Thor Amor e Trovão, acompanhamos a mais recente aventura do deus do trovão.

Thor: Amor e Trovão, da Marvel Studios, encontra o Deus do Trovão numa jornada diferente de tudo o que já enfrentou – a procura pela paz interior. Mas a reforma de Thor é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que procura a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Rainha Valkiria, de Korg e da ex-namorada Jane Foster, que – para surpresa de Thor – empunha inexplicavelmente o seu martelo mágico, Mjolnir, e se intitula a Poderosa Thor. Juntos, eles embarcam numa angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.

Os elementos da história mostram que a principal inspiração para Amor e Trovão é a aclamada fase do escritor Jason Aaron a frente das HQ do Thor. Pegando elementos como seu principal vilão: Gorr, o Carniceiro dos Deuses, interpretado por Christian Bale. E também Jane Foster como a Poderosa Thor, interpretada por Nathalie Portman. O longa também possui sutis referências (ou diretas) para algumas artes de Esad Ribic, desenhista da famosa fase.

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Comentando sobre a história, ela é uma espécie de comédia romântica, praticamente uma extensão do filme anterior, mas claro com uma nova história, e personagens. Existem boas ideias aqui, algumas funcionam e outras nem tanto, isso devido a checklist da Marvel. Claro que durante esse dez anos, diretores como Taika Waititi e James Gunn possuem um liberdade criativa maior sobre suas obras, mas essa gordura de ter que possuir diversas piadas/ sacadas acaba que ficando desnecessário. Isso atrapalha inclusive o drama do filme, devido a sua rápida duração comparado a outros filmes do estúdio (119 minutos apenas), aqui as poucas cenas dramáticas funcionam bem (muito mérito para os atores) inclusive em seu desfecho, mas o desenvolvimento é atrapalhado por esses interlúdios de humor. Exemplo disso é a cena envolvendo Zeus, transforma-se em uma piada gigante, totalmente desnecessário, algo que poderia facilmente ter sido feito em uma rápida montagem, tirando o desenvolvimento dramático que personagens como Gorr e a Poderosa Thor carecem no filme.

Em relação aos personagens, Thor está ótimo, não muito diferente de sua versão Ragnarok, o ator entrega carisma e um bom tom de humor, a sua diversão e carinho pelo personagem é notável. Jane está de volta, e Natalie está ótima. Infelizmente ela entrega muito para pouquíssimo material, devido ao problema antes citado, o drama envolvendo seu câncer é muito pouco representado, e em alguns momentos o tratamento com a situação não é levado muito a sério pelo roteiro. Algo tão bem construído nas HQs é apenas pano de fundo aqui. Inclusive essa situação é bastante identificável para seu público, mas não é levada com respeito , sendo a Poderosa Thor apenas uma coadjuvante. Christian Bale se entrega como Gorr, mas assim como Jane, sofre do mesmo problema. Possui uma introdução ótima, mas aos poucos vai perdendo o espaço e caracterização, saindo de um assassino de deuses para um sequestrador mirim de crianças, beirando mais ao cômico do que o assustador. Em seu terço final entrega atuação, mas devido ao fraco desenvolvimento de seu meio, acaba que deixando a desejar. Talvez se fosse mostrado mais seus embates com antigos deuses, teríamos a real dimensão de seu poder, não ficando apenas na sugestão.

O filme facilmente poderia ter seus 15 ou 20 minutos a mais para desenvolver os arcos dramáticos com mais responsabilidade. Ou se reduzisse os longos momentos de piada excessiva. É fato que a mistura da direção com a montagem causa um efeito estranho no filme, não parecem combinar na maior parte do tempo, alguns cortes bruscos não equilibram bem a transição da comédia pro drama ou vice versa. A sensação de material bom cortado é notória, tudo isso para uma checklist obrigatória dos filmes da Marvel. Existem diversas ótimas ideias aqui, mas Taika infelizmente não consegue seguir com todas, em relação a outros trabalhos de sua filmografia, notasse uma queda.

Em respeito ao visual, existe algum dos melhores  planos do universo MCU, muito em respeito a tecnologia The Volume (usada em Mandalorian), mas bizarramente apresenta um ou dois momentos de CGI porco, totalmente preguiçosos. No final das contas o filme funciona, ele diverte, tem boas cenas de ação, e um estilo bem identificável devido a música e visual. O elenco funciona incrivelmente bem, e o desfecho final alcançado é satisfatório. Por bem ou mal, essa nova versão do herói é muito interessante, e casa perfeitamente com o ator. Não é certeza que Taika irá voltar, mas quem sabe podemos ver o desfecho de uma trilogia totalmente despretensiosa e leve.

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