qui, 28 março 2024

Crítica | Tic-Tac: a Maternidade do Mal

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Maternidade e gestação são temas recorrentes em filmes de terror e já renderam ótimas obras ao longo dos anos, a exemplo de “Rosemary’s Baby” (1968) e “Swallow” (2019). Em Tic-Tac: a Maternidade do Mal a diretora e roteirista, Alexis Jacknow, retrata a jornada de uma mulher que sofre de tocofobia, o medo patológico de engravidar e/ou realizar um parto.

Com a iminente chegada de seu aniversário de 38 anos, Ella Patel (Dianna Agron – Glee) se inscreve para um tratamento experimental que promete consertar o relógio biológico de mulheres sem a intenção de ter filhos para devolve-las esse desejo supostamente “natural”.

Os primeiros trinta minutos parecem bastante promissores, o filme opta por apresentar lentamente seus personagens, sem nunca perder a fluidez do ritmo, a sensação de incomodo é progressivamente construída e serve para deixar o espectador curioso. É ainda bem no começo que acontece a melhor cena do filme, envolvendo uma angustiante consulta ginecológica. Aqui é perceptível o potencial da diretora para filmar terror, apesar de se tratar de seu primeiro longa-metragem, Jacknow demonstra habilidade para exprimir momentos de desconforto.       

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No entanto, as coisas começam a descarrilhar aos poucos a partir do segundo ato. Após começar a tomar os remédios, a protagonista passa a sofrer alucinações, sendo assombrada por uma figura misteriosa e na mesma medida em que ela vai perdendo sua sanidade mental, o filme vai perdendo seu rumo. A despeito da premissa interessante, faltou domínio para preencher a extensão de uma hora e meia e sem ideias inventivas, a opção da realizadora foi apelar para incontáveis cenas repetitivas com as mesmas visões e os mesmos sustos convencionais e nem um pouco inspirados que acabam deixando a experiência cansativa, mas não de uma forma proposital para comunicar algo, apenas por falta de timming. Para ser justa, é preciso mencionar que no meio de tantas tentativas, um jumpscare realmente funciona.

As metáforas são um show de horror a parte, logo no início, Ella aparece comendo ovos com caviar em cima, para deixar bem claro a alusão à gestação, e como uma vez só não é o suficiente, vamos acompanha-la comendo ovos durante o filme todo. Sem entregar spoilers, a conclusão também termina em uma metáfora sem qualquer resquício de sutileza.

Se no começo a abordagem é, acertadamente, mais lenta, ao final conclui tudo da maneira mais apressada possível, apelando para diálogos expositivos que destoam do resto do filme. Sem acreditar no potencial de uma trama contemplativa, nos últimos minutos adota-se um ritmo frenético, recheados de pequenas reviravoltas e até uma breve perseguição de carros.

Ironicamente, para um filme que fala tanto sobre relógios sua maior dificuldade é lidar com o tempo. A consequência é um desenvolvimento irregular e o desperdício de boas ideias.  

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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