sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Tipos de Gentileza

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Quem conhece Yorgos Lanthimos apenas por meio de A Favorita (2018) ou Pobres Criaturas (2023) pode esperar, ao assistir a seus filmes, dois elementos que ele tornou essenciais: o exagero imagético, seja ele intencional ou não, e a estranheza não apenas pela peculiaridade dos personagens, mas também pelo tom monocórdico das falas. Enquanto o uso do exagero imagético é uma adição mais recente, associada a projetos com orçamento maior, a estranheza sempre esteve presente em seu trabalho. Expoente do cinema contemporâneo grego, Lanthimos frequentemente utilizava uma abordagem mais observadora com a câmera, criando um choque entre a estética realista e a desconcertante abordagem narrativa que desafia as expectativas do público.

Seu filme mais conhecido dessa fase, Dente Canino (2009), é um exemplo claro da confusão entre surpreender e chocar. Tipos de Gentileza, a nova incursão do diretor após o sucesso de Pobres Criaturas, marca um retorno ao que poderia ser chamado de sua “fase grega”, onde a economia visual se combina com a estranheza dos personagens. Com três histórias distintas e o mesmo elenco em papéis variados — incluindo Emma Stone, Willem Dafoe, Jesse Plemons e Margaret Qualley —, Lanthimos parece querer retomar a fórmula que o consagrou. No entanto, em muitos momentos, o projeto parece uma tentativa de imitação do que se espera dele, sem conseguir articular de forma convincente suas duas características centrais.

Em outras palavras, os riscos que poderiam ser assumidos no filme parecem mais contidos. Embora haja uma tentativa de chocar (ou surpreender), essa tentativa rapidamente se desfaz devido a uma certa inabilidade. As histórias, que são bastante interessantes e poderiam facilmente formar três filmes distintos, não conseguem manter uma consistência ao longo do tempo. Por exemplo, a relação entre Dafoe e Plemons na primeira narrativa mantém o interesse durante toda a sua duração, mesmo que o desenvolvimento seja previsível. No entanto, tanto a segunda quanto a terceira histórias não conseguem alcançar o mesmo resultado, destacando-se apenas em momentos pontuais onde os atores brilham.

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E é Jesse Plemons quem realmente brilha em Tipos de Gentileza. Talentoso e carismático, Plemons tem o poder de captar toda a atenção sempre que aparece em cena, independentemente do filme em que esteja. Neste, em que ele está no centro dos três núcleos narrativos, ele demonstra sua habilidade excepcional em se adaptar e transformar seu desempenho. Plemons modula com habilidade sua voz e gestos, conferindo a cada personagem uma identidade única e distinta, o que evidencia ainda mais seu talento versátil.

Então, poderia se argumentar que o filme visa destacar seus atores? Ou, melhor ainda, que este é um trabalho menor na filmografia do diretor? Ambas as questões são relevantes, mas nenhuma delas se sustenta plenamente ao considerar o filme como um todo. Os atores se destacam por sua competência, não necessariamente por uma intenção explícita de Lanthimos em realçá-los. Embora o filme tenha um orçamento menor, a expressão “menor” não deve ser interpretada em seu sentido mais comum. O que caracteriza este filme como menos significativo é a sua falta de ambição e o fato de que ele não vai além do que é apresentado. As ideias acabam se perdendo devido a essa ausência de ousadia, o que realmente o faz parecer um “filme menor”.

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