Em Tô Ryca 2, Selminha agora é uma mulher que esbanja dinheiro, paga mais caro em tudo que quer e pode. O problema é que alegria de pobre sempre dura pouco. Aparece uma homônima que se coloca como a herdeira legitima. Os bens de Selminha são congelados, agora sua única fonte de renda é a que a justiça concede até se resolver o processo: um salário mínimo por mês, ou seja: 30 reais por dia. Mas Selminha já não sabe como viver na falência, no miserê, na desgraçada da pobreza. E pior: ela era a patrona da comunidade de Quintino, e com a sua pobreza toda a comunidade também acaba passando aperto. A Selminha guerreira, batalhadora, brasileira que não desiste nunca, ressurge para resolver não só a sua vida, mas de todos que ela ama. Essa é a sinopse do novo filme que estreia nesta quinta-feira nos cinemas nacionais.
A sequência dirigida por Pedro Antônio (Os Salafrários) repete os acertos e erros do filme anterior. Na nova aventura o foco inicial é na classe média e rica da população, mas logo retornamos as origens e temos novas abordagens sobre as desventuras que as “classes” C e D da população brasileira enfrenta no dia a dia. Tudo aqui é apresentado sempre com muito bom humor e o roteiro de Fil Braz (Minha Mãe É uma Peça 2) sabe usar essas pequenas peculiaridades para fazer rir. As melhores tiradas são apresentadas quando a personagem de Samantha Schmütz perde tudo. Por mais que o filme seja divertido, é preciso relatar que em alguns momentos as situações são apresentadas como pequenas esquetes, ao invés de algo que se desenvolvem de modo orgânico. Além disso, o roteiro peca por construir duas narrativas que destoam: uma focada na situação na qual a personagem de Schmütz perde tudo e luta com seu advogado para obter sua fortuna de volta e outra na qual a personagem volta às origens humildes e precisa reconstruir a sua vida do zero. A segunda narrativa é mais interessante e muito mais divertida, vale salientar.
Tô Ryca 2 ainda tem como positivo não se levar a sério e querer apenas divertir o público mostrando e ironizando as mais diversas situações que a sua personagem enfrenta, sempre com bom humor e às vezes com um pouco de revolta. O clima aqui é de uma obra no melhor estilo Sessão da Tarde e deve agradar ao público fã de comédias nacionais descompromissadas. Para finalizar, o elenco tem bastante química. Alguns personagens que retornam para sequência tem menos espaço na narrativa, que prefere focar em Schmütz, que apresenta uma Selminha desbocada e intempestiva que sempre está nos 220 Volts. Katiuscia Canoro, segue interpretando bem a melhor amiga que não se deslumbra com qualquer coisa e prefere manter o pé no chão. Outro destaque do filme é Evelyn Castro (A Sogra Perfeita) que se doa no papel de “Selminha Fake” e arranca boas risadas com suas tiradas, bem diretas.
Tô Ryca 2 é uma comédia nacional que cumpre seu propósito de entreter e divertir. Quem gostou do primeiro filme, vai adorar a sequência.