sáb, 7 setembro 2024

Crítica | Tuesday: O Último Abraço

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A presença da Morte é ubíqua nas diversas formas de arte e no imaginário coletivo, sempre se destacando como uma personagem marcante. Esta figura tem sido representada de várias maneiras, seja no cinema ou na televisão: envolta em negro, esquelética, um anjo sem rosto, entre outras formas. Um exemplo notável é a obra de Ingmar Bergman em 1957, que construiu uma das representações mais célebres em O Sétimo Selo. No entanto, em Tuesday: o último abraço, Daina Oniunas-Pusić escolhe uma abordagem singular ao dar à Morte uma forma peculiar. A premissa do filme é, por si só, intrigante: Zora (interpretada por Julia Louis-Dreyfus) e sua filha adolescente, Tuesday (interpretada por Lola Petticrew), confrontam a presença da Morte. Surpreendentemente, essa figura não aparece de maneira sombria e assustadora como é habitualmente imaginada, mas sim na forma de um pássaro falante.

Abraçando a fantasia, o filme busca explorar não apenas o luto após a morte, mas também os momentos que a precedem, quando se sabe que o fim da vida está próximo e pode ocorrer num piscar de olhos. Apesar da potencialidade dessas ideias, a execução do filme deixa muito a desejar, o que se reflete principalmente na atuação central de Louis-Dreyfus. Embora seja uma atriz competente, parece que ela está tentando encontrar sua personagem, lutando para equilibrar o tom entre drama e comédia, algo que o filme busca alcançar sem muito sucesso. Não se trata, tal qual lançamentos recentes como Contra o Mundo ou Entrevista com o Demônio, de um filme desconjuntado, onde os temas não se conectam, mas sim de um projeto cujas ideias frequentemente esbarram em artificialismos, mostrando uma cautela excessiva em agarrar-se plenamente a fantasia.

E isso não se limita apenas a este projeto, mas a muitos outros. O problema não reside no tema em si, mas no receio de tomá-lo para si completamente, de explorá-lo até seus limites. Essa hesitação em relação à própria abordagem acaba afetando todos os aspectos do filme, pois sem um compromisso pleno com o tema central, qualquer incursão nos gêneros dramático ou cômico se torna menos envolvente, resultando em distanciamento e em sorrisos forçados.

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Tuesday, de maneira geral, é um projeto que oferece pouco ao crítico além da constatação de sua falta de habilidade. Mesmo nos momentos em que parece alcançar algo interessante – como na sequência da praia ao final – fica aquém do esperado para um momento tão crucial, tanto para o desfecho quanto para a narrativa como um todo. Se o objetivo do filme era explorar o luto, a psicologia da morte e como lidar com sua presença, o faz de maneira contida; se pretendia construir uma trajetória em torno das personagens e de sua relação mãe-filha, também o faz de forma vazia; e se buscava trazer essas questões para o mundo da fantasia, tornando-as lúdicas, falta-lhe a imaginação e a emoção necessárias para o sucesso nessa empreitada.

No final das contas, o que resta é um projeto frágil que parece não ter confiança em si mesmo.

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