Abordar de forma criativa e envolvente um assunto que já perdura séculos como o fim de um relacionamento é uma tarefa árdua. Recontar a mesma história e ainda assim cativar o espectador foi o desafio que a diretora Julia Rezende (“Ponte Aérea”) aceitou e nos trouxe o ótimo “Um namorado para minha mulher” (2016).
Na trama, o abobado Chico (Caco Ciocler) é casado com Nena (Ingrid Guimarães) há quinze anos e começa a se cansar do jeito meio ácido e reclamão que a esposa foi se transformando com o tempo. Aconselhado pelos amigos Veloso e Kiko (Marcos Veras e Paulinho Serra) ele decide ouvir os conselhos do dono da quadra onde jogam futebol e contratar o “Corvo” (Domingos Montagner) – um cigano sedutor que já é engraçado só de imagina-lo no papel de galã conquistador – para conquistar Nena e assim o covarde Chico não teria o trabalho de pedir a separação para a esposa.
Triangulo amoroso
O filme é uma releitura da peça de nome homônimo do diretor argentino Juan Taratuto, que em 2008 foi um sucesso comercial absoluto, tendo os direitos vendidos para vários países. O filme aposta mais no lado cômico da história, deixando o drama de lado e dando um tempero brasileiro que já vimos em outras comédias nacionais.
Com uma trama simples, o filme se segura em seus personagens. Apesar de rancorosa e até mesmo chata a personagem de Ingrid Guimarães cria uma empatia com o público, tanto que o emprego dela como Youtuber mostra a mesma empatia, já que ela faz um sucesso imenso falando suas verdades na rede social com o parceiro de trabalho Gastão (Paulinho Vilhena). A química entre os protagonistas faz com que todos mostrem um lado humano e verdadeiro que vai se desenvolvendo durante o filme.
A diretora Julia Rezende tem uma mão suave ao contar a história, com uma fotografia charmosa e locações que vendem muito bem a cidade de São Paulo. São cores suaves e cortes belos da cidade em momentos de transição ou transformação.
Apesar do uso da mesma fórmula batida da maioria das comédias românticas, “Um namorado para minha mulher” é um filme moderno e divertido e nos faz pensar naquela velha máxima que ouvimos sempre: “nós só damos valor ao que temos depois que se perde”. Uma produção bem feita dessas nos dá gosto de fomentar o cinema nacional que recebe tantas criticas.